São Paulo, quarta-feira, 3 de setembro de 1997
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Novo projeto deixa PF na Constituição

Iris propõe guarda nacional

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Iris Rezende, levou ontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso a proposta de emenda constitucional sobre segurança pública elaborada pelo ministério. A proposta mantém na Constituição a menção à Polícia Federal e cria uma espécie de "guarda nacional" temporária.
Elaborada no ministério desde julho, a emenda deveria ter sido enviada ao Legislativo na segunda semana de agosto, de acordo com as previsões iniciais de Iris.
Somente ontem, no entanto, ela seria assinada pelo presidente e enviada posteriormente ao Congresso.
Essa proposta apresentada por Iris a FHC é diferente daquela mostrada a governadores e secretários estaduais da Segurança no dia 7 de agosto.
Na emenda inicial, havia a desconstitucionalização total das polícias, ou seja, a retirada da Constituição de qualquer menção às Polícias Civil, Militar e às Federais, havendo apenas definição das atribuições de cada esfera de governo em relação à segurança pública.
No texto levado ontem a FHC, entretanto, está mantida a menção à Polícia Federal. Na época em que foi divulgada a primeira redação da proposta, o diretor-geral da PF, Vicente Chelotti, havia se manifestado contra a desconstitucionalização das polícias.
O projeto não prevê nenhuma menção na Constituição para a PM e a Polícia Civil. A idéia é dar aos Estados maior autonomia na organização de suas polícias.
Eles poderiam extinguir ou unificar suas forças.
A nova redação também inclui no artigo 144 a obrigação de exercer as funções de segurança pública "sob a égide dos valores da cidadania e dos direitos humanos, pelos órgãos instituídos pela União e pelos Estados".
O texto diz que as corporações militares, "se existentes", serão destinadas, primordialmente, "à manutenção da ordem pública e da segurança interna e ao exercício de outras funções" e serão forças auxiliares e reserva do Exército.
Também estabelece que lei federal disporá sobre a criação, mediante ato do presidente da República, "de órgão temporário, composto por unidades integrantes dos órgãos de segurança pública, com o objetivo de prevenir grave ameaça à ordem pública ou à paz social ou ainda de reprimir efetivo comprometimento ou perturbação da ordem pública em locais restritos ou determinados".
Guarda nacional
A criação de uma guarda nacional que servisse de "colchão" entre a perturbação da ordem pública e o eventual uso do Exército era uma idéia defendida pelo general Alberto Cardoso, chefe da Casa Militar da Presidência, e havia sido abandonada na primeira proposta elaborada.
A emenda também acaba com a Justiça Militar nos Estados e proíbe sindicalização e greve a qualquer policial.

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