São Paulo, quarta-feira, 3 de setembro de 1997
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ACM abre seu arquivo a biógrafo

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Em sua primeira eleição, ainda na adolescência, para a diretoria do grêmio do Colégio da Bahia, o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), já enfrentava, e vencia, a esquerda.
Boris Tabacof, o candidato batido por ACM em seu primeiro triunfo, era, na época, um militante comunista. Hoje, é diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O batismo eleitoral de ACM será um dos episódios da biografia do senador, a ser escrita por Fernando Morais, o autor de "Chatô".
O senador completa 70 anos amanhã, aparentemente ainda indeciso sobre a candidatura a um quarto mandato de governador da Bahia ou o lançamento do filho e deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) ao cargo.
Sobre a biografia, ele não teve dúvidas. No começo de 1996, viu uma entrevista de Morais na TV.
Questionado sobre uma suposta morbidez, por se dedicar a personagens já mortos, como a comunista alemã Olga Benário e o empresário de comunicação Assis Chateaubriand, Morais citou três brasileiros, então vivos, sobre os quais gostaria de escrever:
Ernesto Geisel, ex-presidente da República, que morreu meses depois, Apolônio de Carvalho, militante comunista, e ACM.
Segredos
Por intermédio de um amigo comum, Fernando Morais soube que ACM se disporia a abrir seu baú de lembranças e segredos.
"Algumas características de Antonio Carlos me seduzem", afirma. "Ele é depositário de um volume monumental de informações da história recente. Se revelar tudo o que viu e sabe, será um livraço."
"Na Bahia, não se encontra indiferença sobre ele, uma característica similar à de Chatô."
Ou seja: ACM é "Toninho Malvadeza", para os inimigos, ou "Toninho Ternura", para os amigos.
No ano passado, Morais foi cinco vezes à Bahia, onde entrevistou ACM e o acompanhou em campanhas municipais pelo interior.
"Em qualquer comício, em tudo o que fala, é como se depois de amanhã ele fosse disputar alguma eleição", diz o biógrafo.
Influência
Morais descarta a hipótese de um livro reverente, por ser ainda vivo o seu personagem -para ele, talvez o político brasileiro mais influente de 1964 para cá.
"O livro só ficará de pé se ele estiver disposto a contar tudo o que viu, que viveu, direta ou indiretamente. ACM sabe que vamos falar de tudo. Senão não tem graça, fica um diário oficial."
Eleito em 1954 para deputado estadual pela UDN (centro-direita), em 1958, já deputado federal, ACM apoiava o presidente Juscelino Kubitschek, do PSD (centro). "É o estilo baiano de fazer política", diz Morais.
Nos depoimentos, ACM já falou sobre sua vida até o fim da adolescência. Na semana que vem, Fernando Morais ouvirá o escritor Jorge Amado, amigo do senador.

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