São Paulo, quarta-feira, 3 de setembro de 1997
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Governo investiga a lista de obras pilhadas

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo brasileiro está investigando o relatório elaborado pelo Office of Strategic Services (OSS) dos EUA em 1945, que aponta o Brasil como um dos destinos das obras de arte pilhadas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
O documento, que está guardado no Arquivo Nacional, em Washington (EUA), foi analisado na quinta-feira passada pela Comissão Especial de Apuração de Patrimônios Nazistas no Brasil, criada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Segundo um dos integrantes da comissão, o rabino Henry Sobel, presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista, boa parte da reunião foi dedicada a esse assunto. "Esse caso tem uma prioridade total para a comissão", afirmou Sobel.
A comissão também definiu a montagem de uma equipe de pesquisadores para ajudar na investigação e na coleta de material.
Nessa semana, começarão a ser feitas pesquisas nos arquivos do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) no Rio de Janeiro, em Brasília e em São Paulo e nos arquivos do Banco do Brasil e do Itamaraty em Brasília.
O principal alvo é rastrear os passos de um alemão e de um austríaco citados no relatório, intitulado "Looted Art in Occupied Territories, Neutral Countries and Latin America" (Arte Pilhada em Territórios Ocupados, em Países Neutros e na América Latina).
No documento, o austríaco Thaddeus Grauer é citado como uma das seis pessoas na América do Sul (Brasil, Argentina e Paraguai) que teriam feito negócios com comerciantes que vendiam arte pilhada pelos nazistas durante a Segunda Guerra.
No documento, seu endereço é apontado como o número 664 da rua Alagoas, em Higienópolis, na capital paulista.
O comerciante alemão Hans Wendland, que também teria ligações com o Brasil, era um dos elos do esquema montado pelos nazistas.
No fim da guerra, ele chegou a ser preso em Roma.
O esquema, segundo o relatório, também incluiria outros países da região, como a Venezuela.
Prazo
A comissão tem prazo de um ano para sua atuação -com a possibilidade desse limite ser prorrogado por mais um ano.
Ela reúne sete membros: três advogados, uma historiadora, o chefe de gabinete do Ministério da Fazenda, um representante do ministro da Justiça e um rabino. Nas próximas reuniões será adicionado um representante do Itamaraty à comissão.
As reuniões com todos os integrantes da comissão acontecem sempre na última quinta-feira de cada mês no Ministério da Justiça, em Brasília.
Já foram realizadas duas reuniões. Uma delas foi acompanhada pelo próprio ministro da Justiça, Íris Rezende, e outra teve a presença do secretário nacional de Direitos Humanos, José Gregori.

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