São Paulo, quarta-feira, 3 de setembro de 1997
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Motorista desafiou fotógrafos antes de deixar hotel Ritz, dizem acusados

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Henri Paul, 41, motorista do Mercedes em que morreu a princesa Diana, lançou um desafio em direção a um dos fotógrafos que cercavam o automóvel à saída do hotel Ritz, em Paris, no início da madrugada do domingo.
"Vocês não me alcançarão", disse ele, no que teria sido uma demonstração antecipada do propósito de imprimir ao automóvel alta velocidade, para com isso se distanciar do grupo que assediava seus passageiros.
Paul, solteiro e oficial da reserva da Aeronáutica, também morreu no acidente. O resultado de sua autópsia, divulgado anteontem pelas autoridades francesas, demonstrou que ele estava alcoolizado.
A agência "Associated Press" disse ontem, citando fontes policiais não-identificadas, que o motorista apresentou 1,87 grama de álcool por litro de sangue, e não 1,75 como divulgado anteriormente. Segundo especialistas citados pela "Reuter", isso só seria possível depois de tomar quatro copos de uísque ou pelo menos uma garrafa de vinho tinto.
A versão do desafio lançado pelo motorista, pouco antes de se lançar na via expressa que beira o rio Sena, foi publicada pelo jornal "Le Parisien", e teria tomado como base o depoimento dos fotógrafos detidos em Paris.
A família de Paul, aconselhada por advogados dos Al Fayed -a família de Dodi, o namorado de Diana- pediu que se fizesse um novo exame toxicológico.
Treinamento
Henri Paul, número dois do corpo de segurança do Ritz, havia feito na Alemanha um curso sobre como dirigir limusines blindadas, parte do treinamento para evitar tentativas de sequestro de seus clientes, disse a "Reuter".
Um jornal do interior da França, o "Ouest France", entrevistou amigos de Henri Paul que negaram se tratar de um alcoólatra ou de alguém de hábitos desregrados. Ele seria, ao contrário, um amador dos esportes, que fazia longas caminhadas pelas montanhas.
A agência "France Presse" entrevistou amigos de Paul na cidade de Lorient (sudoeste), onde nasceu e ainda moram seus pais. Paul foi apontado como avesso à boemia e a excessos de qualquer tipo.
"Ele bebia no máximo dois copos de vinho", disse o proprietário de um bar local.
Segundo o jornal "Le Parisien", ele não estava destacado pelo Ritz para dirigir no sábado à noite o carro que levaria a princesa Diana e seu namorado ao luxuoso apartamento do 16º Distrito de Paris, onde passariam a noite.
Se Paul ingeriu álcool, é porque acreditava que já havia terminado seu expediente, publicou o "Le Parisien". Não há informações sobre onde ele jantou e o que, precisamente, bebeu.
O matutino, com base em depoimentos de empregados do hotel Ritz, escreveu que o casal Dodi e Diana havia utilizado pela tarde um carro já conhecido dos fotógrafos. Este carro deixou o hotel de vidros fechados, na tentativa de despistar os paparazzi.
Henri Paul foi encarregado de guiar um segundo carro, justamente o Mercedes. Como a operação para despistar os fotógrafos não funcionou, o Mercedes passou a ser perseguido pelas motos que transportavam os caçadores de imagens da princesa Diana.

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