São Paulo, quinta-feira, 4 de setembro de 1997
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População já sabe votar, avalia senador

AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O segundo turno em eleições para prefeitos e governadores não é mais necessário porque a população brasileira já sabe votar.
Essa é a opinião do senador Francelino Pereira (PFL-MG), relator da emenda que muda o processo eleitoral, aprovada ontem pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.
A proposta, além de acabar com o segundo turno nos Estados e municípios, permite que o presidente da República se eleja no primeiro turno com 40% dos votos válidos, desde que o segundo colocado não ultrapasse os 30%. "É o modelo argentino", afirmou.
Para o senador, a mudança não vai beneficiar necessariamente o presidente Fernando Henrique Cardoso, candidato à reeleição. "Pode ser vantagem para quem tiver mais votos. Quem pode falar quem tem mais votos?"
A seguir os principais trechos da entrevista de Pereira à Folha:
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Folha - Essa mudança, um ano antes da eleição, não pode ser vista como um golpe para favorecer os atuais mandatários?
Francelino Pereira - Meu convencimento é puramente doutrinário. Eu não examino as circunstâncias políticas, mas os fundamentos do projeto. Não conversei com líderes do governo nem da oposição, não conversei com o presidente da República. O fim do segundo turno não vai encarecer tanto as eleições. É uma norma que simplifica o processo eleitoral. O Brasil hoje está em plena democracia. O povo está sabendo votar em todos os rincões do país, no campo ou na cidade. Então, por que um segundo turno? Não é golpe coisa nenhuma. Alguns já examinam a emenda vendo as eleições do próximo ano. Não fiz isso. Nem pensei em Minas Gerais, o meu Estado.
Folha - Com o fim do segundo turno num Estado como São Paulo, que tem vários candidatos, não podemos ter um governador eleito com muito poucos votos?
Pereira - O povo, sabendo que não vai haver segundo turno, termina concentrando os votos em dois ou três candidatos. Vota nos melhores. E vai acabar a corrida dos partidos políticos menores, que terminam lançando candidatos por lançar, para fazer composições no segundo turno.

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