São Paulo, quinta-feira, 4 de setembro de 1997
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Cardeal de Roma critica aborto legal

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O cardeal Alfonso López Trujillo, presidente do Pontífice Conselho para a Família do Vaticano, disse ontem que os defensores do aborto legal (nos casos de risco de vida da mulher ou estupro) estão transformando "a apologia do delito em apologia do direito".
Para Trujillo, o aborto não se justifica em nenhum caso. Ele afirmou que anualmente são feitos 40 milhões de abortos no mundo.
"Quem disse que o bebê é propriedade da mulher? A criança nascitura é uma individualidade e a mãe não é dona dela. Ela tem tanto direito à vida quanto a mãe", declarou Trujillo.
O cardeal esteve ontem na Câmara dos Deputados para falar no painel "A Responsabilidade do Legislativo no Limiar do 3º Milênio". Apenas 15 parlamentares estiveram presentes.
Trujillo, um dos possíveis sucessores do papa João Paulo 2º, veio ao Brasil para falar sobre a importância da família como instituição e preparar a visita do papa ao país.
Lei polêmica
O cardeal não quis comentar a aprovação, pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, do projeto que determina que a rede pública realize abortos nos casos previstos pelo Código Penal. Ele afirmou que trata somente de "assuntos de interesse universal".
O deputado Salvador Zimbaldi (PSDB-SP) entrou ontem com um recurso, assinado por 96 deputados, solicitando que o projeto do aborto seja apreciado e votado pelo plenário da Câmara. Sem o recurso, o projeto iria diretamente para o Senado.
O cardeal afirmou que a sociedade está se desestruturando e que a família está perdendo funções. Ele disse que "a família é anterior ao Estado".
Propostas retrógradas
A deputada Marta Suplicy (PT-SP) disse que concorda que a sociedade está invertendo seus valores e que a família está se desestruturando. Mas, para ela, não é por propostas retrógradas que essa situação vai mudar.
"Nós achamos que a mulher é, sim, dona do seu próprio corpo", disse a deputada.

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