São Paulo, quinta-feira, 4 de setembro de 1997
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Todos topam

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Políticos são uma raça muito estranha. Para os mortais comuns, o presidente Fernando Henrique Cardoso parece pouco menos do que imbatível, na eleição de 1998.
A inflação está baixa e não há ninguém prevendo um estouro. A atividade econômica não chega a ser nenhuma dentadura, mas tampouco é um desastre que se reflita na popularidade do governante.
Crise externa, com seus efeitos daninhos, é uma hipótese menos remota, mas, de todo modo, "empurrável" com a barriga para depois de outubro de 1998 ou até um pouco mais adiante.
Não obstante, nos últimos dias, qualquer político de alguma expressão tasca logo um "eu topo" quando perguntado se gostaria de disputar a Presidência.
O mais recente é o senador Roberto Requião (PMDB-PR). "Se eu tivesse legenda, não deixaria passar esta oportunidade", diz.
Legenda, ele até tem, mas está convencido de que o PMDB aderirá a FHC, o que lhe corta as chances.
Antes de Requião, Ciro Gomes (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Sarney (PMDB) também proclamaram o "eu topo", para não mencionar Itamar Franco (sem partido), que topa de manhã, "destopa" de tarde e volta a topar à noite.
Sarney, mais do que topar, chega a entusiasmar-se com as suas chances eleitorais.
O raciocínio comum a pelo menos dois deles (Requião e Ciro) parece ser o de que uma, digamos, terceira via (entre FHC e o PT) teria enormes chances eleitorais.
"Se Lula for candidato e houver um terceiro, que não assuste tanto quanto ele, está eleito" (o terceiro, não Lula), chega a dizer Requião, com seu conhecido viés pelas frases de efeito.
Ciro Gomes vai um pouco na mesma direção, com a sua frase "abalaríamos o país", no caso de ele aliar-se ao PT.
De duas, uma: ou essa gente toda é muito pretensiosa ou sabe mais das coisas do que os mortais comuns.

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