São Paulo, sexta-feira, 5 de setembro de 1997
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A liberdade de Erundina

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

- O que eu quero mesmo é ter liberdade... Eu quero ter voz...
Foi uma das justificativas, talvez a maior, de Luiza Erundina para a saída do PT, ontem na televisão.
A debandada dos petistas de projeção vai deixando o PT reduzido a um nome, Lula. Como legenda, já não é muito mais do que o PDT ou o PSB, agora de Erundina.
Na Globo, ela soluçava ao dizer da mesquinharia da "mera" disputa pela máquina partidária, que a mantinha calada. De como forçavam a sua candidatura a deputada -puxando os votos para os demais, da máquina.
Saiu para candidatar-se, é claro. Como dizia livremente, na Globo News:
- Eles terminam tirando a possibilidade de intervir no cenário político. No meu caso, pelos cargos que eu já exerci, eu não posso me permitir esse tipo de isolamento.
O candidato Lula, que com esforço seduziu brizolistas e sem-terra, descobre agora que restam forças a conquistar e reconquistar, à esquerda.
*
Em outra recaída, o Jornal Nacional aproveitou para pôr na boca de Erundina:
- O Brasil precisa de uma oposição responsável.
Que não seria, claro, o PT.
*
FHC acordou tarde para o equívoco de antagonizar-se com o Grito dos Excluídos e com as "batinas".
Ontem na "teleconferência" que promovia o Brasil em Ação, eixo da campanha de reeleição, o presidente cansou o verbo em palavras como "crença", "devoção".
Buscava a reaproximação, mas não era o FHC de outros momentos. Perdeu-se até para legitimar o golpe publicitário da teleconferência:
- O governo deve mostrar o que está fazendo. Não é fazer propaganda, não. É mostrar e pedir crítica e apoio. Discutir, convencer, porque nós temos elementos de convicção.
E era ele o menos convicto.

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