São Paulo, sexta-feira, 5 de setembro de 1997
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Pop e tragicômica, "Pérola" reestréia

NELSON DE SÁ

"Pérola", que reestréia hoje em São Paulo, é o que se qualifica de espetáculo comercial. É um Mauro Rasi no auge de sua habilidade de levar o público a rir e se emocionar, com uma comédia dramática.
Mas "Pérola" vai além do drama, em realidade. Em parte levado por Vera Holtz, a protagonista, o autor-diretor atinge momentos singulares de encantamento, antes desconhecidos na sua dramaturgia. Alcança aquele ideal de integração entre o teatro dito de qualidade e o teatro popular.
Saído do besteirol, o dramaturgo, um paulista interiorano radicado na zona sul do Rio, reúne "ficção autobiográfica" à sua grande experiência com o humor irresponsável e crítico. Escreve e monta uma peça que chega a transpor a comédia dramática, passan do à tragicomédia, ao melhor ridículo.
Vera Holtz, que faz a mãe do autor e é uma atriz não apenas talentosa, mas consciente da grandeza do palco, embrenha-se por cada pequena frase, por cada indicação patética, arrancando dela tudo o que pode. É uma primeira atriz no sentido da aptidão completa, para o humor, a tragédia, o encontro de ambas, sem divisão postiça. Rasi deve muito à atriz o êxito de "Pérola", o maior no palco brasileiro em anos recentes. Mas as qualidades do espetáculo já estavam lá, no original. O dramaturgo já escapava então de cuidados bem pensantes, para um fluxo desembaraçado de criação -em parte levado, talvez, pela morte da mãe, que é retratada pela peça.

PÉROLA Texto: Mauro Rasi. Direção: Giselle Tiso. Com: Vera Holtz, Sérgio Mamberti e outros. Jardel Filho (av. Brig. Luís Antônio, 884, Bela Vista, região central, tel. 605-8433). 676 lugares. Qui. e sex.: 21h. Sáb.: 20h e 22h30. Dom.: 19h. 100 min. Ingr.: R$ 26 (qui.), R$ 28 (sex. e dom.) e R$ 30 (sáb.). Estac. (R$ 12 - no nº 759).

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