São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997
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Jungmann é homenageado em SP

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TEODORO SAMPAIO

Com a presença de líderes do MST e na companhia de Débora Rodrigues, musa dos sem-terra, o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) recebeu ontem o título de cidadão de Teodoro Sampaio (SP), no Pontal do Paranapanema.
Faixas espalhadas nas ruas diziam que os assentados da gleba Ribeirão Bonito, em Teodoro Sampaio, "jamais esquecerão" o ministro. O título de cidadão de Teodoro Sampaio foi proposto pelo PFL municipal, que diz apoiar a reforma agrária como solução econômica para o Pontal.
Após a cerimônia, Jungmann almoçou peixe, arroz e salada com políticos, autoridades e líderes do MST. Em seguida, visitou a Cocamp (cooperativa do MST).
"Nossa, quanta moça bonita por aqui", disse. Sobre Débora, o ministro afirmou: "Sem sombra de dúvida, ela é muito bonita. Mas o que mais me surpreendeu foi a inteligência, a vivacidade dela".
Segundo o ministro, a visita ajudou a reduzir a animosidade entre o governo e o MST. Em tom descontraído, Jungmann sentou-se à mesa da cozinha da Cocamp, onde tomou café e falou sobre reforma agrária por cerca de 40 minutos.
"Sou um parceiro de vocês", disse o ministro aos sem-terra. "Eu não gostaria que vocês expusessem suas vidas nas ocupações."
Jungmann pediu que o MST formule propostas de reforma da estrutura do Incra. "O papel do MST vai crescer. Na próxima eleição, todo candidato vai ter um projeto de reforma agrária embaixo do braço. O MST precisa estar preparado para discutir isso, ou vai perder o bonde da história", afirmou.
Os sem-terra parecem não ter ficado convencidos. "A gente concorda com quase tudo que o senhor disse. A diferença é o que o governo faz no dia-a-dia", disse a Jungmann o sem-terra Zelitro Luz da Silva. José Rainha Jr. só chegou quando Jungmann estava de saída: "Vim fazer uma visita ao senhor".
Segundo o líder do MST Walter Gomes, os sem-terra foram consultados pelos vereadores antes da decisão de entregar o título a Jungmann. Não houve oposição. "Os vereadores acharam justo. Nós também queremos dar um prêmio ao ministro, mas só quando houver a reforma agrária em todo o Pontal", disse ele, que fez parte da mesa que dirigiu a cerimônia.

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