São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997
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PSB quer dividir frente, avalia PT

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT não diz oficialmente, mas já avalia que o PSB está atuando para dividir a frente de esquerda que articulava o lançamento da candidatura de Lula para enfrentar Fernando Henrique Cardoso em 1998.
"Estamos conversando diariamente com PDT e PC do B", limitou-se a dizer o presidente petista, José Dirceu, quando perguntado se a adesão de petistas ao PSB poderia comprometer a articulação.
"Não quero acreditar que o governador Miguel Arraes esteja contra nós", acrescentou Dirceu.
"Em todo caso, estamos 'urubuservando' o PSB", acrescentou o dirigente, utilizando um neologismo que associa o verbo observar ao azar.
Outro cacique petista, o deputado federal José Genoino, também sinalizou ontem que as relações entre o partido e o PSB estão tensas e, portanto, prejudicando a sonhada unidade da esquerda em torno de uma candidatura de Lula.
"Não seremos os responsáveis se não acontecer uma aliança com o PSB", disse Genoino.
A desconfiança petista em relação ao PSB começou com a atuação dúbia do governador de Pernambuco, Miguel Arraes (PSB), na votação que aprovou a emenda que permitiu ao presidente Fernando Henrique Cardoso disputar a reeleição em 1998.
O olhar enviesado cresceu depois que Arraes e o senador Roberto Freire (PPS-PE) começaram a articular, em graus diferentes em termos de visibilidade pública, uma candidatura que não seja a de Lula. A de plantão, agora, é a do ex-ministro Ciro Gomes.
"Nós não temos medo de enfrentar a eleição com um palanque menor", disse Genoino.
O PT sentiu o golpe das saídas dos ex-prefeitos Luiza Erundina (São Paulo) e Darci Accorsi (Goiânia). Além da evasão de dois quadros "bons de voto", o episódio reforça a imagem de um partido envolvido permanentemente em disputas fratricidas.
A pequena margem de vantagem que o setor moderado alcançou na convenção nacional da legenda, encerrada no último fim-de-semana, foi um dos argumentos que Erundina utilizou para justificar sua saída do PT.
A maioria atual do PT pretende reverter a situação no congresso partidário que, no primeiro semestre de 98, vai definir os passos da agremiação na corrida eleitoral.
"Vamos ter uma vantagem de mais de 60%", acha Dirceu.

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