São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997
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Para Brizola, PSB está virando 'espécie de barriga de aluguel'

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Está implodindo o palanque sonhado pelas esquerdas para sustentar uma candidatura única à Presidência da República em 98. "O PSB está se transformando numa espécie de barriga de aluguel", afirmou ontem o ex-governador fluminense Leonel Brizola (PDT).
PSB, PDT e PC do B representavam, até o início da semana, as mais sólidas estacas do palanque preparado pelo PT para a possível candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva.
Brizola reagiu ontem ao que chamou de "assédio" do PSB na busca de cooptação no "campo popular". Citou as recentes perdas do PT para os socialistas, mas também se disse vítima de uma atuação "lamentável" do PSB.
"Os seguidores de Jaime Lerner que não querem ir para o PFL estão sendo embutidos no PSB do Paraná", afirmou Brizola. No início da semana, o governador daquele Estado trocou o PDT pelo PFL.
O ex-governador fluminense teve o cuidado de, pelo menos por enquanto, poupar o governador de Pernambuco, Miguel Arraes (PSB). Mas apontou o dedo para o deputado Fernando Lyra (PSB), que articula em nome de Arraes a cooptação de petistas e pedetistas.
"Tenho Fernando Lyra sob suspeita desde que atuou pela aprovação da emenda da reeleição", disse Brizola.
Solidário ao PT, que também entrou em rota de colisão com o PSB, Brizola declarou que o PDT mantém a disposição de disputar a eleição de 1998 ao lado do PT.
"Existe um nível de entendimento muito maior entre nós e o PT, na comparação com o PSB", afirmou Brizola.
Para articular a reação ao PSB, Brizola, Lula e José Dirceu (presidente nacional do PT), vão se reunir na próxima semana. "A nossa aliança prioritária é com o PT", insistiu o líder pedetista.
Brizola, com a preocupação de evitar o fortalecimento do cacife do PSB nas conversas entre os partidos de esquerda, chegou a telefonar ontem para a ex-prefeita paulistana Luiza Erundina, que na véspera anunciara a disposição de se filiar ao PSB.
"Tentei exercer o papel de mediador, mas a Erundina já havia tomado a decisão", relatou Brizola, que não se mostrou entusiasmado com uma possível candidatura presidencial de Ciro Gomes.
"O Ciro participou até ontem do festival capitalista e agora é um dissidente. Precisamos ver até que ponto vai", afirmou.

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