São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997
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Um mito sofre no meio do grande palco

LUIZ CAVERSAN
DIRETOR DA SUCURSAL DO RIO

Foi por pouco. No meio da tarde de ontem, pensou-se que o pior sucedera, mas, uma vez mais, a linda e loura (como diz o José Simão) deu a volta por cima e apareceu na janela do hospital para dar um "olá, queridos".
Não, Vera Fischer não morreu.
Essa informação teve de ser propagada muitas vezes ontem para fazer frente aos boatos fortíssimos. Como se soube depois, os boatos tinham razão de ser: foi por pouco.
Não é impossível dizer que Vera Fischer -apesar de todas as suas travessuras- ocupa o posto oficial de tesão nacional.
Não há quem a veja pessoalmente e escape do encantamento. Os homens babam, e as mulheres, bem, esse é um dado interessante: as mulheres também se encantam com a beleza e algo-mais-que-não-se-sabe-o-que-é daquela loura forte, de formas voluptuosas, seios fartos e olhos flamejantes.
Vera Fischer já se tornou um mito e parece que, por conta de problemas e/ou ansiedades que só dizem respeito a ela mesma, não dá muito valor à vida.
Joga no limite do prazer que mata e deixa todos nós -jornalistas, fãs ou ambos- solidariamente preocupados.
Apesar dos filhos e dos amigos que ainda a cercam, a impressão que se tem é que Vera Fischer vive numa imensa e solitária bolha.
Tudo indica que tem uma dificuldade monstruosa de estabelecer contato com as pessoas, e aparentemente é daí que surge a necessidade de alterar artificialmente a realidade, por meio de aditivos.
Apesar de toda a comoção pública que crises causam, tudo isso deveria dizer respeito estritamente a sua pessoa.
Mas ela é um mito, uma mulher que provoca interesses múltiplos nas pessoas, e o seu drama acaba ocorrendo no meio do grande palco da vida em sociedade.
Uma sociedade que, como se sabe, adora compartilhar as mazelas de seus ídolos, como se essa fosse uma forma de amá-los.

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