São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997
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A memória mágica da literatura

ELVIS CESAR BONASSA
ESPECIAL PARA A FOLHINHA

Existe um tipo de memória que surge sem querer na cabeça da gente. É a memória mais gostosa e mais forte porque dá a impressão de que tudo está acontecendo outra vez. Esse é o tema de um dos livros mais legais já escritos no mundo: "Em Busca do Tempo Perdido", do francês Marcel Proust (1871-1922).
A história começa com um senhor que mastiga um pedaço de biscoito com chá. Quando sente o gostinho da mistura, ele volta a ser criança. Aquele era exatamente o mesmo gostinho que ele sentia quando tomava chá com a avó, muitos anos antes.
A partir daí, a vida inteira recomeça a passar pela cabeça dele, como num filme. Coisas esquecidas, paisagens, pessoas, amores, brotam daquela simples xícara de chá. Ele não fez força nenhuma para lembrar, foi a lembrança que fez força para explodir na cabeça dele. O melhor de tudo é que esse rio de memórias provoca uma grande felicidade. É como se o tempo deixasse de existir.
Parece mágica: a vida inteira é vivida outra vez e se transforma em livro. Essa mágica é a literatura.

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