São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997
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Londres espera hoje até 6 milhões de pessoas no cortejo de Diana

PAULO HENRIQUE BRAGA

PAULO HENRIQUE BRAGA; FERNANDO CANZIAN
DE LONDRES

Foi uma perda 'devastadora' de pessoa 'excepcional', diz a rainha Elizabeth 2ª em pronunciamento na TV

FERNANDO CANZIAN
Em pronunciamento oficial à nação, a rainha Elizabeth 2ª qualificou ontem a princesa Diana como "um excepcional e talentoso ser humano". Diana será enterrada hoje após funeral na abadia de Westminster. Até 6 milhões de pessoas são esperadas nas ruas de Londres.
"O que lhes digo agora, como sua rainha e como uma avó, eu digo do meu coração", afirmou Elizabeth 2ª. Em referência às críticas que a família real recebeu pela suposta frieza ante à comoção que a morte de Diana provocou, disse que dividia a determinação de todos de "cuidar da memória dela".
Foi o primeiro pronunciamento extraordinário da rainha desde o final da Guerra do Golfo, em fevereiro de 1991. Elizabeth 2ª fala oficialmente à nação no Natal e na abertura do Parlamento.
A rainha falou ao vivo e pausadamente. Aparentemente, lia um texto à sua frente. O pronunciamento durou três minutos. Ela ficou em pé e de costas para uma das janelas do Palácio de Buckingham, com uma multidão ao fundo.
Em outra referência às críticas, a rainha disse: "Esta semana, temos tentado ajudar William e Harry a se reconciliar com a devastadora perda que eles e o resto de nós sofremos. Ninguém que conheceu Diana jamais a esquecerá".
Anteontem, a família real foi duramente criticada pelos tablóides do Reino Unido, que a acusaram de indiferença. Por um assessor, a família real chegou a dizer que se sentia "magoada" pelas críticas.
O fato antecipou em um dia a volta da família real a Londres e levou a rainha a decidir-se pelo pronunciamento extraordinário.
Ontem, ao chegar a Londres, a rainha e seu marido, o príncipe Philip, visitaram o palácio de Saint James, onde o corpo de Diana ficou até a noite de ontem.
Depois, Elizabeth 2ª e Philip saíram além dos portões do Palácio de Buckingham, onde falaram rapidamente com a multidão e depositaram flores em homenagem a Diana. Charles e os filhos fizeram o mesmo em Kensington, onde havia multidão de 10 mil pessoas.
A chegada da família real a Londres foi vista com alívio pela população. Os milhares de pessoas que se concentravam em frente a Buckingham aplaudiram quando o estandarte real subiu ao topo do mastro do palácio, indicando a presença da rainha em Londres.
O corpo da princesa Diana foi transportado ontem depois das 20h (16h em Brasília) do palácio Saint James para o palácio de Kensington, onde passaria a noite.
O caixão foi levado em um carro fechado sob uma chuva fina e ficou iluminado praticamente todo o percurso por flashes de máquinas fotográficas. O trajeto durou 22 minutos. Ele estava coberto pelo estandarte real e por um arranjo de lírios brancos, uma das flores favoritas da princesa. O príncipe Charles e os filhos seguiram em outro carro. Depois, voltaram ao Palácio de Buckingham.
Traslado
Diana será enterrada hoje em Althorp, propriedade de sua família há quase 500 anos, depois de funeral na abadia de Westminster marcado para as 11h (7h em Brasília).
Ontem, houve um ensaio da cerimônia com a presença do premiê Tony Blair e do cantor Elton John, escalado para cantar uma versão modificada da música "Candle in the Wind" ("Vela ao Vento").
A família de Diana e a família real afirmavam desde o início da semana que a cerimônia para Diana seria "um funeral único para uma pessoa única".

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