São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997
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Família Al Fayed contesta análise que mostrou motorista alcoolizado

MARTA AVANCINI
DE PARIS

A família Al Fayed iniciou ontem uma ofensiva na tentativa de questionar as investigações sobre as mortes da princesa Diana, de Dodi al Fayed e do motorista Henri Paul, realizadas pelas polícia e Justiça francesas.
A ofensiva se deu por meio de uma entrevista coletiva em Londres, em que foi exibido um vídeo feito pela equipe de segurança do hotel Ritz, em Paris, propriedade da família Al Fayed.
A gravação registra a movimentação dos três e do guarda-costas Trevor Rees-Jones antes de deixarem o hotel.
Na mesma entrevista, o professor Peter Vanezis, especialista em medicina legal da Universidade de Glasgow, questionou exames que apontaram que Paul estava alcoolizado no momento da batida.
Vanezis foi enviado a Paris pela família Al Fayed para acompanhar as análises, mas a polícia francesa não teria permitido.
Resultados de testes já divulgados indicam que Paul teria ao menos 1,75 grama de álcool por litro de sangue, volume superior ao permitido por lei. Na França, é considerado delito dirigir veículo com mais de 0,5 grama de álcool por litro de sangue.
Ontem, também foi anunciado o adiamento do enterro de Paul, que estava previsto para hoje
O adiamento é consequência de pedido da família dele para que fosse realizado novo exame para confirmar a taxa de álcool no sangue do motorista no momento do acidente.
Isso é possível porque o advogado da família de Paul "constituiu parte civil" nas investigações, de acordo com o vocabulário jurídico francês. Na França, isso quer dizer que suspeitos de crime ou delito, seus familiares ou as vítimas podem acompanhar as investigações. Em geral, visa o pedido de indenização por perdas e danos, em caso de abertura de processo.
O novo exame do sangue de Henri Paul tinha realização prevista para ontem. A polícia informou esta semana ter feito uma segunda análise para confirmar o resultado anterior.
Segundo o Instituto de Medicina Legal de Paris, foram recolhidas várias amostras de sangue de Paul, como costuma ocorrer nos casos de mortes em acidentes.
O professor Vanezis disse que teriam sido extraídas quatro amostras de sangue de Paul, das quais apenas uma foi analisada pela polícia francesa.
O professor afirmou também acreditar que existem grandes chances de a amostra analisada ter sido contaminada. A contaminação poderia ter ocorrido, disse Vanezis, em decorrência das condições violentas em que Paul morreu ou das más condições de conservação das amostras.
Nenhuma informação oficial sobre os exames do sangue de Paul pode ser divulgada porque o caso está sob sigilo de investigação.
Os exames são feitos por um laboratório determinado pelo procurador responsável pelo processo.

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