São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997
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Madre Teresa também foi alvo de críticas

DA AGÊNCIA FOLHA EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO; DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Madre Teresa de Calcutá também foi alvo de críticas ao longo de sua vida. Nos últimos anos, sua ortodoxia religiosa, seus métodos e suas fontes de financiamento lhe valeram ataques.
Recentemente, provocou polêmica ao negar autorização para realizar um filme sobre sua vida, dirigido pelo francês Dominique Lapierre, por considerar que o trabalho a apresentava de forma "espetacular" demais.
Mas o principal tema de controvérsia sempre foi sua firme posição contra o aborto e a contracepção em um país -a Índia- que luta para controlar uma população que alcança os 960 milhões (quase um quinto da mundial).
Madre Teresa era inflexível. Em um discurso à ONU, declarou: "Temos medo da guerra nuclear e dessa nova enfermidade que chamamos Aids, mas matar crianças inocentes não nos assusta".
Alguns dos críticos consideravam que a ordem das Missionárias da Caridade baseava-se só na fé e em meios rudimentares para ajudar os pobres, quando, para salvar vidas humanas, seria preciso tratamento médico mais aperfeiçoado.
Um documentário do canal britânico Channel Four, intitulado "Hell's Angel" (Anjo do Inferno), acusava madre Teresa de ter aceitado doações de fontes polêmicas, como o ditador haitiano Jean Claude Duvalier e o empresário britânico Robert Maxwell.
Na Índia, seu país de adoção, madre Teresa gozava de grande admiração e de um reconhecimento que ultrapassava as fronteiras da religião. Hindus e muçulmanos da Índia consideravam-na uma santa, mesmo sem compartilhar suas convicções religiosas.
Madre Teresa foi criticada pelos ultranacionalistas hindus, que desconfiavam dos motivos de suas ações. Bal Thackeray, chefe de uma organização ultranacionalista de Bombaim, a acusou de tentar converter hindus ao cristianismo com seu trabalho com os pobres.
O bispo d. Pedro Casaldáliga, de São Félix do Araguaia (MT), disse que madre Teresa não discutia as estruturas: "Deve-se fazer caridade e lutar pela justiça, simultaneamente. Uns fazem uma coisa, outros fazem outra. O ideal seria que todos fizéssemos tudo".

Colaborou a Agência Folha, em São José do Rio Preto

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