São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
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Massas e azeite protegem mais o coração

JAIRO BOUER
ENVIADO ESPECIAL A ESTOCOLMO

Uma dieta mediterrânea -rica em verduras, legumes, frutas, massas, peixe e azeite de oliva- pode "proteger" o coração mais do que a dieta convencional que vem sendo recomendada por cardiologistas em todo o mundo. Essa é a conclusão de trabalhos apresentados no 19º Congresso da Sociedade Européia de Cardiologia, em Estocolmo, no mês passado.
A combinação entre os diversos elementos da dieta reduziriam os níveis de colesterol no sangue e retardariam a formação das placas, que acabam diminuindo o fluxo de sangue pelas coronárias -artérias que irrigam o coração.
Há várias décadas, pesquisadores procuram dietas mais "protetoras". Na Europa, as populações que vivem mais tempo e que têm menos problemas cardiovasculares são da região do Mediterrâneo, principalmente da ilha de Creta.
Em contrapartida, as populações que morrem mais precocemente e que têm maiores índices de infartos e derrames são as que habitam no norte e leste da Europa.
A dieta de Creta é baseada em frutas, grãos, cereais, verduras, legumes, peixes, massas, azeite de oliva e vinho. No norte da Europa, há muita carne, leite e derivados, manteiga e vegetais cozidos.
Daan Kromhout, do Instituto Nacional de Saúde Pública da Holanda, explica que um estudo de mais de 25 anos (Estudo de Sete Países) mostrou que a mortalidade por doenças coronarianas nos países do norte foi quatro vezes maior do que nos países mediterrâneos. Descontados a genética, o estilo de vida e o consumo de cigarro, a dieta continua a ter papel fundamental nessa diferença.
Armand Renaud, da Universidade de Bordeaux (França), demonstrou em um trabalho com 600 pacientes que a dieta mediterrânea é muito mais eficiente do que uma dieta considerada "prudente" na prevenção de ataque cardíaco e morte após um primeiro infarto.
A dieta "prudente" é rica em ácido linoléico (uma gordura poliinsaturada presente nos óleos vegetais de milho, soja, girassol e margarinas) e a dieta mediterrânea tem mais ácido oléico (gordura monoinsaturada presente no azeite de oliva e no óleo de canola).
No trabalho de Renaud, os pacientes que receberam dieta mediterrânea por 27 meses tiveram uma incidência de infarto e morte 73% menor do que os que receberam a dieta "prudente". O efeito protetor começa a ser observado dois meses depois do início da dieta, o que sugere um efeito de prevenção na formação de trombos (coágulos) que bloqueiam totalmente a coronária.

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