São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
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Estudante troca DP por abraço de mãe

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A estudante de Relações Públicas P.P.M., 22, reafirmou por três vezes sua descrença na polícia de São Paulo, não informando aos agentes policiais os crimes dos quais foi vítima nos últimos dois anos.
Ela foi assaltada pela primeira vez em janeiro de 96, próximo à sua casa, na zona sul da cidade.
"Estava atravessando a avenida Cupecê com uma amiga quando dois rapazes bem vestidos se aproximaram e ordenaram que eu entregasse a bolsa. Não a entreguei, mas eles levaram meu relógio e alguns tíquetes-refeição, além do relógio de minha amiga", contou a garota.
Segundo ela, os assaltantes pareciam estar drogados. "Mas não foram violentos."
Segundo assalto
Na segunda vez, no início deste ano, a estudante foi assaltada em frente à sua faculdade, a Fiam, no Morumbi (zona sudoeste de São Paulo).
"Quando desci do táxi fui abordada por um rapaz bem vestido que disse para fingirmos que éramos amigos. Ele começou a dar a volta no quarteirão segurando meu braço. Depois de uns 20 minutos pediu o dinheiro. Dei R$ 10 e um talão de cheques", contou.
"Esse foi o ladrão mais petulante. Depois de me roubar e de me mandar andar sem olhar para trás, ele me deu um beijo. Comecei a chorar."
Outra vez vítima
A última vez que P.P.M. foi vítima de assalto foi no último dia 19 de agosto. Ela estava saindo da estação Santa Cecília do metrô, no centro, às 20h, quando um garoto deu-lhe um tapa nas costas, que a derrubou.
"Ele só conseguiu levar minha corrente de ouro porque fiquei agarrada à bolsa", disse.
"Fiquei no chão e ninguém me ajudou. Fiquei com raiva da indiferença das pessoas. Também não vi nenhum policial por perto."
Abraço de mãe
Nas três vezes, P.P.M. não prestou queixa na delegacia. "Ir à polícia é perda de tempo. Não adianta nada, e você ainda tem de encarar aqueles policiais mal-humorados. Nas três vezes, só quis saber do abraço da minha mãe."
Hoje a estudante não ostenta mais relógio e jóias. "A única coisa que uso é um anel de R$ 3,00. A bolsa, eu a carrego na frente do corpo", afirmou P.P.M.
(AL)

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