São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
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Blair encontra rainha para discutir futuro da realeza

Premiê britânico e Elizabeth 2ª almoçam hoje na Escócia

PAULO HENRIQUE BRAGA; FERNANDO CANZIAN
DE LONDRES

e do enviado especial a Londres
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, almoça hoje com a rainha Elizabeth 2ª em Balmoral, castelo da família real na Escócia.
À mesa, Blair deverá reintroduzir, com cuidado redobrado após a morte de Diana, uma assunto que já vinha tratando há semanas com a família real: a modernização da monarquia. A mulher do premiê, Cherie, estará junto com ele durante o almoço.
A conversa deve continuar as discussões de um grupo chamado Way Ahead (algo como o caminho pela frente), formado pelos principais membros da realeza e seus assessores.
As reformas que o grupo tem discutido com o Parlamento incluem uma "sacudida" nas finanças da família real de modo a torná-la mais auto-suficiente. Ou seja, independente de parte dos impostos dos cidadãos britânicos.
Nos últimos meses, o próprio príncipe Charles tem tomado a iniciativa de se encontrar com membros do novo gabinete trabalhista para discutir o assunto. Fez isso com o ministro da Economia, Gordon Brown, e com o chanceler, Robin Cook.
Na agenda, poderão ser discutidos assuntos mais específicos, como o futuro do iate real Britannia, o avião real e o raramente usado trem real, facilidades a serviço da rainha Elizabeth 2ª pagas com dinheiro público.
Durante a semana, surgiu a sugestão de que o iate deveria ser reformado e receber o nome da princesa Diana.
Embora assessores de Downing Street se neguem a fazer comentários sobre a questão, a presença de Blair em Balmoral é uma indicação clara de que a rainha quer que ele exponha suas opiniões mais profundamente.
Diferentemente da família real, o premiê britânico tem sido elogiado por ter conseguido captar a dimensão do sentimento de pesar que tomou conta da população do Reino Unido após a morte de Diana.
A família real, por sua vez, foi acusada de frieza por jornais e pela população por ter ficado isolada em Balmoral nos dias que se seguiram à morte.
A reunião anual entre Blair e a realeza já estava marcada para hoje. Ironicamente, o principal assunto na agenda seria a discussão do papel futuro da princesa Diana e as causas com as quais vinha se envolvendo, particularmente a campanha para acabar com o uso de minas terrestres.
Acredita-se que Blair seja o responsável por convencer a rainha a fazer o pronunciamento sobre a morte de Diana, quebrando o protocolo e dando uma demonstração pública de seu pesar.
Charles, porém, vinha mantendo contatos telefônicos diários com Blair, e o pronunciamento da rainha foi acolhido com elogios em Downing Street.
O premiê deve dizer à rainha, gentilmente, que a família real tem lições a serem tiradas com o aumento da afeição mostrada pelo público aos seus membros depois que o protocolo foi colocado em segundo plano.
(PHB e FCz)

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