São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
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Morte ofusca visita do Sinn Fein a EUA

SILVIA BITTENCOURT
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LONDRES

A morte da princesa Diana ofuscou a visita que líderes do Sinn Fein, braço político do grupo terrorista IRA (Exército Republicano Irlandês), vêm fazendo aos EUA.
O Sinn Fein, partido republicano que quer a independência da Irlanda do Norte em relação ao Reino Unido, não reconhece a rainha Elizabeth como chefe de Estado.
Esperando arrecadar fundos nos EUA para a causa republicana, seus líderes acabaram aterrissando num país em luto pela morte de uma princesa.
Eleitos em maio deste ano para o Parlamento britânico, os deputados Gerry Adams, presidente do Sinn Fein, e Martin McGuinness esperavam ser recebidos em Washington pelo presidente norte-americano, Bill Clinton.
Seria a primeira visita ao presidente dos EUA -onde vive uma grande colônia de irlandeses- desde a instituição do cessar-fogo pelo IRA, em julho passado.
Clinton, porém, preferiu continuar em férias no Estado de Massachusetts e enviou para o encontro com os líderes republicanos o seu conselheiro para assuntos de segurança nacional.
Logo depois de aterrissar em Nova York, durante escala para Washington, repórteres cercaram Gerry Adams e, de início, nada perguntaram sobre as negociações do processo de paz que começam este mês na Irlanda do Norte.
Eles queriam saber se o IRA realmente havia planejado, em 1983, matar a princesa Diana e o príncipe Charles durante um concerto de rock em Londres.
A pergunta irritou o deputado, que disse se tratar de uma "história absurda".
Segundo Adams, apesar de Diana ter pertencido à família real britânica, o Sinn Fein "nada tinha" contra a princesa de Gales.
Ele manifestou seus pêsames e chamou a morte de Diana de "trágico acidente".
O Sinn Fein, que pela primeira vez será aceito pelo governo britânico nas negociações de paz, teme agora que a morte de Diana e a ressurreição da história do suposto atentado, denunciado em 83 por um ex-membro do IRA, criem um clima desfavorável ao partido e simpático à realeza britânica.
A morte de Diana abalou e deixou em luto a Irlanda do Norte, que vinha experimentando, desde julho passado -quando o IRA anunciou o cessar-fogo-, uma das poucas épocas de paz na sua história recente.
Apesar das condolências de Gerry Adams, os líderes do Sinn Fein não foram convidados para o funeral da princesa.
Depois de eleitos, eles se recusaram a jurar obediência à rainha, como é exigido de todos os membros do Parlamento britânico, e por isso estão proibidos de participar das sessões do plenário.

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