São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Se culpados, soldados serão expulsos ou demitidos

CRISPIM ALVES; ANDRÉ MUGGIATI
DA REPORTAGEM LOCAL

O comando da Polícia Militar de São Paulo informou ontem que os soldados Paulo de Tarso Dantas e Sérgio Eduardo de Souza deverão ser expulsos ou demitidos se forem considerados culpados.
Segundo ele, a sindicância tem prazo de 30 dias, mas deve ser concluída antes. "Pela gravidade dos fatos, nós acreditamos que eles deverão ser expulsos ou demitidos", afirmou Salgado.
O tenente-coronel afirmou ainda que os dois soldados eram considerados "normais" e que nunca responderam a qualquer IPM (Inquérito Policial-Militar).
Salgado negou que os dois suspeitos estejam recebendo tratamento diferenciado pelo fato de estarem presos no presídio militar Romão Gomes.
"Eles só estão no Romão Gomes por uma questão de legislação, porque são policiais militares."
O tenente-coronel afirmou também que dois fatores fizeram com que a divulgação da prisão acontecesse com cinco dias de atraso.
O primeiro deles era preservar a imagem da corporação. O segundo, ter certeza que os fatos narrados eram verdadeiros.
"Além disso, o corpo da criança só foi encontrado ontem (anteontem) à noite. Talvez por isso a Polícia Civil também não tenha divulgado as prisões", disse o oficial.
Segundo Salgado, fatos como esse prejudicam a imagem da corporação. "Mas não se pode generalizar. Eles (os dois soldados) representam apenas uma pequena parcela dentro de toda a corporação."
O oficial ressaltou que, no caso dos dois PMs suspeitos, não houve falha de treinamento ou formação, e sim um problema de comportamento pessoal.
O comandante da PM no Estado, coronel Claudionor Lisboa, não foi encontrado ontem para comentar o assunto. Segundo Salgado, Lisboa estava fora de São Paulo e só deve retornar hoje.
O capitão Edson Teixeira, comandante da 2ª companhia do 8º batalhão da PM, localizada na Vila Carrão, zona sudeste, acompanhou o enterro de Ives.
Teixeira era o comandante do soldado Paulo de Tarso. Segundo ele, o suspeito não parecia ter desvio de personalidade.
"Tenho 120 homens sob o meu comando que não podem ser responsabilizados pelo fato de ele (Tarso) ser um psicopata. A atitude desse monstro não dá para perdoar." Teixeira afirmou que foi ao enterro para prestar solidariedade à família.
(CRISPIM ALVES e AM)

Texto Anterior: Motoboy diz ter sequestrado
Próximo Texto: PM repudia suposta atuação de soldados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.