São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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Pai afirma que não confia mais na polícia

ANDRÉ MUGGIATI
DA REPORTAGEM LOCAL

Massataka Ota, 41, diz não acreditar mais na polícia. "Segurança, que a gente precisa, ninguém tem", afirmou. Leia a seguir os principais trechos da entrevista que Ota concedeu à Folha.
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Folha - Por que o senhor acha que o Paulo de Tarso (um dos PMs envolvidos no crime) fez isso?
Massataka Ota - Porque ele não tem coração.
Folha - O que o senhor acha do fato de dois policiais terem participado do crime?
Ota - Em quem confiar, se a própria polícia o matou?
Folha - O senhor acha que o problema são os salários da PM?
Ota - Tem gente que vive com R$ 300,00 e é honesta. Ele foi ganancioso.
Folha - Que tipo de Justiça o senhor espera?
Ota - Você acha que, pela morte do meu filho, a pessoa merece ficar só na cadeia? Eu acho que deve haver pena de morte. Você ainda vai sustentar essas pessoas por 15 anos? É muito prejuízo para o Estado, pago à custa do nosso imposto.
Folha - O senhor pretende lançar algum tipo de campanha ou mobilização em torno do caso?
Ota - Tem que ter. Porque eu não sei quando eles vão ser soltos. E, quando forem soltos, vão matar o filho de alguém de novo.
Folha - O Paulo de Tarso sabia o endereço do senhor?
Ota - Ele fazia a ronda na vila Carrão (zona sudeste). Eu sempre servia cafezinho para ele na porta da minha casa.
Folha - Depois do sequestro, ele foi visitar o senhor?
Ota - Foi, no último domingo.
Folha - Eles pediram algum resgate? De quanto?
Ota - No sábado, já pediram. De US$ 800 mil. Eles não têm noção de quanto dinheiro é. Eu ofereci US$ 100 mil. Depois eles ligaram pedindo US$ 500 mil. Eu disse que tinha, em mãos, US$ 23 mil. Só que, nessas alturas, meu filho já estava morto.
Folha - Quanto ele ganhava?
Ota - Eu não sei dizer. Cada loja tem muitos funcionários e eu não sei o salário de todos eles. O gerente é que sabe.

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