São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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700 mil estão vulneráveis ao sarampo

MALU GASPAR
ENVIADA ESPECIAL À GUATEMALA

O Estado de São Paulo tem hoje cerca de 700 mil pessoas de 15 a 29 anos que ainda podem pegar sarampo.
Esse grupo representa cerca de 5% do total das pessoas nesta faixa etária que moram no Estado. Elas não foram vacinadas e nunca pegaram sarampo e, portanto, correm risco de contaminação.
Em São Paulo, 54% dos casos de sarampo ocorrem em pessoas de 15 a 29 anos de idade.
O cálculo foi feito pelo Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado, baseado num estudo feito com doadores de sangue pelo Instituto de Medicina Tropical da USP (Universidade de São Paulo).
Foram recolhidas amostras de sangue de doadores de Campinas e de médicos residentes.
O objetivo do estudo, segundo o CVE, foi calcular quantos adultos no Estado ainda estavam vulneráveis à doença.
Os pesquisadores encontraram anticorpos de sarampo em 95% das amostras de sangue recolhidas, em média.
Segundo essa estimativa, esse grupo de pessoas já está imunizado contra o sarampo. As amostras analisadas são de pessoas com 18 a 29 anos, idades em que se pode doar sangue.
Esses dados foram apresentados segunda-feira na abertura da 12ª Reunião do Grupo Técnico Assessor da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) sobre Enfermidades Previníveis por Vacinas, que ocorre na Guatemala até o próximo dia 12.
Os técnicos da Opas e representantes de vários países consideraram que esse grupo de pessoas vulneráveis à doença é bastante grande devido à rapidez de contaminação do vírus do sarampo e à alta concentração populacional do Estado de São Paulo.
A epidemia de sarampo no Brasil foi o principal assunto da reunião da Guatemala na segunda-feira.
O diretor do CVE, José Cassio de Moraes, admite que o número de pessoas vulneráveis é grande, mas diz que nem todas correm o mesmo risco de pegar a doença, por causa da região e das condições em que vivem.
"Sabemos que essas pessoas não estão espalhadas homogeneamente pela cidade, falta-nos descobrir onde elas estão", disse Moraes.
Esse, segundo ele, é o objetivo de outro estudo que está sendo feito pelo Instituto de Medicina Tropical em São Paulo com doadores de sangue.
"O estudo conseguiu identificar uma população vulnerável, mas não se pode dizer que todas essas pessoas estejam no grupo de risco", afirmou Carla Domingues, do grupo de trabalho sobre sarampo do Ministério da Saúde.

A jornalista Malu Gaspar viajou a convite da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde)

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