São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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Maturana pensa no Brasil

ARNALDO RIBEIRO
DO ENVIADO A SALVADOR

Técnico de futebol ou dentista? O colombiano Francisco Maturana, 48, não conseguiu conciliar as duas profissões.
Largou definitivamente os consultórios após ganhar notoriedade classificando a seleção de seu país para a Copa 94.
O fracasso na competição -depois de largar como favorita, a Colômbia foi eliminada na primeira fase- prejudicou sua trajetória ascendente.
Repudiado no próprio país, Maturana teve que reiniciar tudo aceitando a missão de transformar o Equador numa nova força da América do Sul. Com remotas chances de levar os equatorianos à Copa, ele já faz planos para o futuro.
Entre eles: treinar um time brasileiro e, num futuro próximo, voltar a ser dentista.
(AR)
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Folha - Qual é a importância de fazer um amistoso com o Brasil para quem vive o auge das eliminatórias?
Francisco Maturana - Primeiramente, eu e meus jogadores temos orgulho de jogar com o melhor time do mundo. Será uma experiência coletiva e individual muito importante.
Folha - Mas o Brasil estará desfalcado...
Maturana - Não importa. A seleção brasileira não é só Ronaldo ou Romário. Eu tenho desfalques mais importantes: Eduardo Hurtado (Los Angeles Galaxy, EUA) e Iván Hurtado (Celaya, México). Alex Aguinaga (Necaxa, México) só virá se a federação convencer os mexicanos da importância de um jogo com o Brasil.
Folha - Você tem esperança de classificar o Equador para a Copa do Mundo? O que você espera desse Mundial?
Maturana - As eliminatórias estão complicadas. Os times estão nivelados. Eu me agarro nas possibilidades matemáticas do meu time ganhar a quarta vaga. Até a rodada desta quarta-feira, temos 18 pontos, contra 19 de Peru e Chile e 17 de Uruguai e Bolívia. Pegamos a Bolívia, em casa, e o Uruguai, fora. Se ganharmos dos dois...
Quanto ao Mundial, acho que ele será bem mais glamouroso que nos EUA. Os jogos serão mais bonitos. Nos EUA, os interesses comerciais eram muitos, tanto que vários jogos foram ao meio-dia.
Folha - O que você acha do começo do êxodo dos jogadores equatorianos?
Maturana - Vejo pelo lado bom. É bom os jogadores terem experiência internacional. O intercâmbio é frutífero. Eles crescem e voltam fortalecidos.
Folha - Você pensa em continuar no Equador mesmo se o time não se classificar?
Maturana - É difícil. Meu contrato vai até o final deste mês. Ficarei até o fim das eliminatórias por um compromisso moral. Mas, como os colombianos, os equatorianos são imediatistas.
Folha - Você teve convite para treinar o Cruzeiro?
Maturana - Sim. Foi uma coisa muito atrativa, mas eu não poderia abandonar o compromisso com os equatorianos. Mas trabalhar no Brasil faz parte dos meus planos.
Folha - Você abandonou a carreira de dentista?
Maturana - Não posso dizer isso. Sendo dentista, posso me dedicar à família. No futebol, concentrando e viajando, é impossível. É provável que eu volte aos consultórios em breve.

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