São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
'2001', de Kubrick, é conto sem moral
MARCELO REZENDE O futuro envelhece rápido demais. Uma lição que a ficção científica nos ensina e faz de "2001 - Uma Odisséia no Espaço", de Stanley Kubrick, regra e não exceção.Realizado em 1968, o filme, que reestréia hoje, foi recebido como um novo modelo para o cinema de entretenimento, muito mais próximo das dúvidas e expectativas do período. Visto hoje, talvez seja vítima do fim de uma crença na corrida espacial, que seria, além da vitória da homem, da razão, uma via para o redescobrimento espiritual. Quase trinta anos depois dessa pretensa investigação (reflexão?) sobre a humanidade e seus caminhos, o que parece ainda vitoriosa é a técnica. Kubrick, após "Spartacus" (1960) ou "Doutor Fantástico" (1964), se deixou fascinar por um mundo -e produções- que tinham como esperança primeira a evolução dos tais "efeitos especiais" que, nos anos 70, se tornaria uma verdadeira praga. Mas o cineasta sempre se pretendeu um humanista, alguém que assume essa mesma técnica para dizer que ela deve ser regulada pelo homem e nunca o inverso. E é também um pessimista, que faz de "2001 - Uma Odisséia no Espaço" uma fábula sobre a natureza da espécie. Um conto sem moral. Uma aventura sem propósito. O que prevalece então desta oscilação de vontades? Uma obra única, mas não insuperável. Um filme estranho, e que ironicamente se perdeu no tempo. O futuro não chegou. "2001 - Uma Odisséia no Espaço" e Kubrick continuam esperando. Texto Anterior: Everett rouba a cena de Roberts Próximo Texto: XPTO leva Buster Keaton ao palco Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |