São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 1997
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Japão tem sua pior crise desde 1974

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A economia japonesa registrou no segundo trimestre do ano seus piores resultados desde a primeira crise do petróleo de 1974, resultado de uma forte queda da demanda interna. Os dados foram divulgados ontem em Tóquio. O Produto Interno Bruto (PIB) contraiu-se 2,9% em relação ao primeiro trimestre, segundo a EPA (Agência de Planejamento Econômico).
Entre as causas do retrocesso também está o impacto negativo da elevação de dois pontos do IVA (Imposto sobre o Valor Agregado), ocorrida em 1º de abril.
O diretor-geral-adjunto (vice-ministro) da EPA, Shimpei Nukaya, admitiu que a queda foi maior que o esperado e compromete o objetivo de crescimento de 1,9%, fixado pelo governo japonês para o ano fiscal que terminará em março de 1998.
A segunda economia mundial não sofria tamanha retração desde a queda de 3,4% registrada no primeiro trimestre de 1974. Mas, há 23 anos, o Japão era muito mais vulnerável à conjuntura mundial do que agora. Nos últimos 12 meses a retração foi de nada menos que 11,2%.
A EPA anunciou também uma revisão para baixo da taxa de crescimento do primeiro trimestre, de 1,6% para 1,4%.
Esses dados impõem um sério revés às teses do governo japonês, que apostava no crescimento do consumo privado como principal força da economia, substituindo o papel tradicionalmente exercido pelo investimento público.
Depois de três trimestres de progressão regular, a demanda privada interna despencou impressionantes 5%, derrubando o PIB em 4,1%. O investimento das empresas também se reduziu (1,5%).
Apenas o comércio exterior contribuiu para segurar um pouco o nível de atividade, contribuindo com 1% do PIB, principalmente como resultado da desvalorização do iene em relação ao dólar.
Os analistas da economia japonesa já estão prevendo o retorno das tensões comerciais, pois deve ganhar força novamente a tese de que a economia japonesa só consegue crescer conquistando mais mercados externos. As notícias sobre a economia japonesa abalam ainda mais as economias do Sudeste Asiático em crise.

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