São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 1997 |
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Trilha do filme tem dois Strauss
JOÃO BATISTA NATALI
O menos importante é Johann Strauss, o filho (1825-1899), autor da valsa "Danúbio Azul". O segundo é Richard Strauss (1864-1949), com o breve trecho de seu poema sinfônico "Assim Falou Zaratustra". Johann era austríaco. Herdou do pai -também maestro e compositor- uma concepção frívola do que poderia ser a música orquestral. A Viena de seu tempo, capital do Império Austro-Húngaro, era também o umbigo cultural do mundo germânico. Foi certamente por isso que "O Danúbio" se fixou tão facilmente como a marca registrada de uma felicidade leve e burguesa. Já Richard Strauss, um alemão, é na história da música um personagem introspectivo, cerebral. Foi, depois de Gustav Mahler, o último herdeiro da escola wagneriana, que concebia a orquestra sinfônica como um imenso aparato capaz de transmitir conteúdo filosófico ou sutilezas psicológicas. Seu "Zaratustra", inspirado em texto de Nietzsche, é no entanto bem mais que a sequência em ascensão de três acordes -sol, dó e ré bemol, com uma diferença de mais de uma oitava entre cada um- mostrada pelo filme. O trecho escolhido por Stanley Kubrick é o do primeiro e mais curto dos nove movimentos. É, no entanto, o que possui maior potencial épico, que em verdade constitui apenas uma parte da proposta de Strauss. "Zaratustra" é um poema sinfônico, gênero que nasceu no final do século 19, baseado na constatação de que Beethoven ou Brahms já haviam esgotado a forma clássica da sinfonia, sempre em quatro movimentos e uma espécie de camisa de força para a narração de idéias mais amplas. Entre as versões no catálogo das gravadoras, há as dirigidas por Rudolf Kempe, Heiner, Karajan e Georg Solti. LEIA MAIS sobre estréias de cinema às págs. 4-6 e 4-7 Texto Anterior: Kubrick exerceu 'experiência não-verbal' Próximo Texto: DonDoca FHC tem medo do El Niño e do El Ciro! Índice |
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