São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 1997
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SINAL AMARELO NAS BOLSAS

As Bolsas em todo o mundo continuam emitindo sinais preocupantes. E mesmo levando em conta que nelas nem sempre está refletida a realidade da economia, são afinal mercados onde se criam e muitas vezes reverberam ficções, expectativas e rumores que acabam por afetar a realidade. Para o bem ou para o mal.
No Brasil, a notícia de que investidores estrangeiros abandonaram as Bolsas pela primeira vez em 97 não é, portanto, um detalhe menor. É uma informação que exige mais uma vez um exame das supostas vantagens da economia brasileira em relação a outros mercados emergentes, supostamente mais vulneráveis.
A dinâmica dos mercados financeiros, no entanto, tende a borrar distinções analíticas pretensiosas demais. E como revela estudo divulgado ontem pelo Banco Mundial, sobre a crise asiática, há um indicador básico -uma variável crucial- que coloca na sombra as demais: a capacidade que um país tem de evitar a deterioração das suas contas externas.
A saída dos investidores estrangeiros das Bolsas brasileiras é, por definição, um mau sinal nas contas externas, mesmo que não configure uma tendência irreversível.
O sentimento predominante, hoje, é de que, mesmo não sendo catastróficas, as tendências globais depois da crise asiática não são das mais animadoras. Relatório do Instituto Internacional de Finanças (IIF), também divulgado ontem, prevê uma diminuição do fluxo de capital privado para economias emergentes e para a América Latina em 97. O IIF antecipa uma redução da ordem de US$ 20 bilhões e recomenda "realismo".
É fato que falta pouco para o fim do ano e o mesmo IIF acredita numa recuperação a partir de 1998. Mas a maior ingenuidade consistiria em ignorar os riscos do momento atual.

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