São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997
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Sítios de SP mantêm mão-de-obra ilegal

Fiscais flagram uso de crianças

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Blitze do Ministério do Trabalho flagraram crianças na colheita de laranja, aliciamento de trabalhadores de outros Estados, condições subumanas de alojamento e indícios de condições de trabalho semelhantes à escravidão no interior de São Paulo.
Quatro crianças com idades entre 10 e 13 anos trazidas da Bahia foram encontradas trabalhando no sítio Taquaral, no município de Olímpia (450 km a noroeste de São Paulo).
Havia ainda outros dez jovens com idade entre 14 e 17 anos trabalhando sem registro em carteira.
O dono do sítio Taquaral, Oscar Pelegrini, disse que contratou uma cooperativa para fazer a colheita, mas ignorava a utilização de menores de idade. Ele será autuado por uso de mão-de-obra infantil, de acordo o chefe da fiscalização, José Sandoval.
Os pais poderão ser processados por maus-tratos e abandono intelectual, segundo o procurador Dimas Moreira, que acompanhou a operação.
O administrador da cooperativa, Benedito de Oliveira, disse que os pais trazem os filhos para ajudar sem que a empresa saiba.
Aliciamento
Acompanhados de três agentes da Polícia Federal, os fiscais do Ministério do Trabalho encontraram ontem 51 trabalhadores que teriam sido aliciados no Paraná para trabalhar na colheita de laranja no sítio São José. Eles passaram a noite amontoados em um casarão.
Ontem, Alvaro Anselmo ganhou R$ 5,60 pelo dia de trabalho no sítio São José, mas já havia gastado R$ 5 com refeição.
O dono do sítio, Bianor Trinca, estava pescando, segundo uma pessoa que se apresentou como seu filho, mas não disse o nome.
O cerco do Ministério do Trabalho na região começou há dez dias. Já foram localizados cerca de 300 trabalhadores em condições irregulares, alguns presos ao trabalho por dívidas com alimentação.

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