São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997
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Sequestro acaba no DF; líder é tenente PM

FABIANA MELO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cleucy Meireles de Oliveira, 12, filha do empresário e deputado distrital Luiz Estevão, foi libertada na madrugada de ontem pela Polícia Civil de Brasília, depois de sete dias de sequestro.
O resgate pedido pelos quatro sequestradores, liderados pelo 1º tenente da Polícia Militar Osmarinho Cardoso da Silva, 28, era de US$ 4,5 milhões e R$ 500 mil.
À noite, a PM prendeu mais um acusado, o 1º tenente PM Paulo César Cury, 27. Ele havia sido convidado por Osmarinho para participar. Não aceitou, mas, segundo a polícia, emprestou aos sequestradores coletes à prova de bala e radiotransmissores da PM.
Cleucy foi sequestrada na manhã do último dia 5. Desde então, os sequestradores fizeram três contatos com família, que estavam sendo mantidos em sigilo.
Uma ação policial foi traçada para anteontem, quando estava marcado o terceiro contato dos sequestradores, às 23h.
A Polícia Civil instalou um aparelho de rastreamento no telefone público que Estevão, sob orientação dos sequestradores, usava para as negociações.
Enquanto ele conversava com o sequestrador, a polícia detectou que a ligação era proveniente de um outro telefone público, a poucos minutos do hospital. Estevão havia sido instruído a prolongar a conversa, que durou 52 minutos.
Assim que Osmarinho, que estava de farda, desligou, os policiais o prenderam e a seu primo, Cleuzimar Alves de Andrade, 21.
Com os dois, a polícia obteve o endereço do cativeiro -um lava-a-jato na cidade-satélite de Samambaia, a 30 km de Brasília.
Só um homem, Claudione Alves de Faria, 20, estava de guarda. Ao perceber a chegada dos policiais, por volta de 1h30, ele começou a atirar de dentro da casa, ferindo o agente Marcelo Toledo no braço.
Claudione foi atingido na testa e morreu na hora. A menina foi resgatada sem ferimentos e estava em casa às 2h20 de ontem.
O quarto sequestrador, o soldado PM Ricardo Mendes dos Santos, 23, foi preso depois na cidade-satélite do Guará.
Durante o sequestro, a polícia de Brasília sempre esteve no caso, embora tenha divulgado que estava afastada a pedido da família.
Estevão vinha sendo informado dos passos da polícia e disse ter concordado com a atuação que culminou no resgate de sua filha.
"Os argumentos da Polícia Civil eram muito corretos: era evidente que essa oportunidade não poderia ser jogada fora", disse.
O deputado disse que ficou surpreso com a participação de Cleuzimar Alves de Andrade. "Ele frequentava meu gabinete. Foi presidente da Umesb (União Metropolitana de Estudantes Secundaristas de Brasília) e me levava diversos projetos de interesse da categoria. Ele chegou a visitar a minha casa."
A polícia investiga a participação de outras pessoas, inclusive funcionários de Luiz Estevão.
O presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou na manhã de ontem para Luiz Estevão e se disse contente com a libertação.

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