São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997
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Empresa dos EUA veta sites sobre assassinos

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A maior empresa prestadora de serviços on-line dos EUA, a America On Line, resolveu eliminar dois sites com frases de condenados por homicídios múltiplos.
A decisão foi tomada depois que o governador do Estado de Wyoming, oeste do país, e o pai de uma menina assassinada em 1993 anunciaram que iriam liderar boicote contra a America On Line se ela não removesse os sites, mantidos por Sondra London, de Jacksonville, Flórida, Costa Leste.
A America On Line, que tem nove milhões de assinantes, oferece espaço para cada um deles criar seu próprio site. London, ex-noiva de Danny Rolling, condenado em 1990 pelas mortes de cinco estudantes universitárias, resolveu dedicar o seu site a "serial killers", pessoas que mataram diversas vítimas. Segundo ela, é importante que o público saiba como opera a mente de um "serial killer".
Marc Klaas, pai da menina Polly, assassinada aos 12 anos de idade em 1993, discorda e diz que a America On Line "se esconde atrás do princípio da liberdade de expressão para permitir que monstros tenham um fórum público". Klaas, um videogênico pequeno empresário que abandonou os negócios após a morte da filha para criar uma fundação em defesa de crianças vítimas de violência, ganhou o apoio de Jim Geringer, o conservador governador de Wyoming.
Após a manifestação de Geringer, que prometia obter a adesão de outros governadores ao boicote contra a America On Line, a empresa resolveu eliminar os sites por conta própria. Os sites já não poderão ser acessados a partir de hoje, mas, caso London resolva mantê-los, ainda será possível se chegar a eles por outros provedores.
A Suprema Corte dos EUA resolveu em julho que a Internet está protegida pela Primeira Emenda Constitucional, que garante a liberdade de expressão. Por sete votos a dois, a Corte impediu a entrada em vigor de lei sancionada pelo presidente Bill Clinton com o objetivo de impedir a veiculação de "material indecente" na Internet. Após a decisão da Corte, Clinton apelou aos provedores de serviços on-line do país para que tomassem suas próprias iniciativas para impedir a transmissão de textos ou imagens considerados inadequados para menores de idade.
A America On Line disse ontem que sempre levou a sério reclamações de líderes comunitários em relação a sites por eles considerados inconvenientes. "Quando o seu conteúdo é definido como nocivo à maioria dos assinantes, nós os eliminamos", disse a porta-voz da empresa, Tricia Primrose.
Sondra London afirma que já havia retirado de seus sites algumas expressões que ela mesmo considerava fortes demais. Ela não disse se pretende manter os seus sites.

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