São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997 |
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PC faz ofensiva contra estatais e corrupção
TERESA POOLE
No discurso mais importante de sua carreira política, Jiang, 71, tornou-se o primeiro líder comunista chinês a exortar as fábricas a "aumentar sua eficiência, reduzindo quadros de funcionários", como parte de ambicioso plano de reformas para o setor estatal (que está perdendo dinheiro). O plano é economicamente necessário, mas acarreta riscos sociais. Postado abaixo do enorme emblema da foice e do martelo, no Grande Salão do Povo, Jiang, que também é presidente da China, abriu o 15º Congresso do Partido Comunista, afirmando a adesão total à linha reformista lançada por Deng Xiaoping em 1978. É o primeiro Congresso após a morte do arquiteto da modernização chinesa, em fevereiro, e Jiang precisa se legitimar como herdeiro escolhido por Deng. Jiang citou o nome de Deng 60 vezes no discurso, mas também mostrou determinação para causar impacto próprio como líder inovador. O presidente declarou que o partido não deve praticar a "adoração formal" do marxismo, mas ser aberto a "experimentos ousados". Os mais ousados são a redefinição, feita por Jiang, do conceito de "propriedade pública" e sua decisão de que a privatização será o principal método usado para resolver o problema das estatais. A maior parte das mais de 300 mil estatais chinesas será reorganizada, fundida, vendida ou transformada em empresas pertencentes a acionistas. Todas serão agora responsáveis por lucros e perdas. Se der errado, Jiang ficará à mercê dos adversários políticos. Ontem ele se defendeu de prováveis críticas vindas do que restou da esquerda, que o acusa de abandonar o socialismo. "Não podemos dizer que o sistema acionário é público ou privado. A chave está em quem possui o controle acionário", disse. O maior perigo virá dos milhões de empregos que podem ser perdidos quando as forças de mercado atuarem sobre as estatais, muitas delas operando no vermelho. O presidente admitiu: "Será difícil evitar o fluxo de demissões, que vai causar dificuldades temporárias a parte dos trabalhadores". A reforma das estatais já começou há vários anos, embora sem a aprovação oficial do governo. Greves de trabalhadores e protestos públicos já vêm ameaçando a ordem social em algumas cidades no nordeste e interior do país. A decisão de Jiang de reduzir os efetivos do setor militar chinês em 500 mil homens nos próximos três anos vai agravar o problema do desemprego. Esse corte se segue a uma redução de 1 milhão de soldados, promovida na década de 80. Jiang exortou o Exército a "preservar a liderança absoluta do PC", mas, na realidade, ele precisa conservar o apoio dos militares para fortalecer a posição de líder supremo, e não está claro como os generais vão reagir aos cortes. Jiang se aventurou em território perigoso ao promover ataque à corrupção no partido. "Devemos nos preparar para travar uma guerra prolongada à corrupção", disse. Na China, todos apóiam o combate à corrupção, pelo menos da boca para fora, mas o envolvimento nela é tão difundido que um verdadeiro ataque, desferido desde os altos escalões, pode provocar sérios distúrbios políticos. O ex-secretário do Partido Comunista em Pequim Chen Xitong foi expulso do partido no início da semana e será processado. Texto Anterior: EUA admitem fracasso no Oriente Médio Próximo Texto: FRASES DE JIANG Índice |
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