São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 1997
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Novo comandante quer PM nas ruas

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo comandante-geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Carlos Alberto de Camargo, 47, é um entusiasta da polícia legalista, do policiamento preventivo e da atenção às exigências e cobranças da sociedade.
Camargo substitui o coronel Claudionor Lisboa, demitido sob a alegação de "falta de comando".
Com Lisboa, toda a cúpula da PM será destituída. A posse do novo comandante está marcada para amanhã. Os nomes dos futuros subordinados de Camargo serão definidos no decorrer da semana.
Camargo, assim como Lisboa, é da geração de jovens coronéis da corporação, que chegou ao comando a partir de 1994 com uma nova filosofia de trabalho, mais humana, democrática e legalista.
Formado pela Academia da PM em 1970, foi promovido a coronel em 1996, quando passou a comandar o Policiamento de Choque.
Uma das características de Camargo é apontada tanto por amigos quanto por inimigos. Dizem que "ele é mais policial do que militar", o que pode significar uma crítica ou um elogio.
"Não podemos passar pelas esquinas atrás de criminosos e ignorar que, nessas mesmas esquinas, existem problemas sociais", diz. "O policial não pode passar ao lado da miséria como se ela não fosse também um problema seu."
Camargo defende a atuação da polícia integrada aos órgãos sociais dos governos estadual e municipal. "Se não houver um amparo social, tirar a população carente da rua é como enxugar o chão com a torneira aberta."
Essa postura desperta opiniões contrárias. "A função da PM não é dar papinha para mendigos", diz o deputado estadual Conte Lopes (PPB), representando o pensamento de uma ala ainda expressiva na Polícia Militar.
A Secretaria da Segurança Pública aponta o aumento da criminalidade e a ineficiência do policiamento preventivo nas ruas como principais causas para a troca de comando.
São exatamente esses os pontos que Camargo deve priorizar, como afirmou à Folha.
"Devemos atacar desde o roubo nas esquinas, o tipo de crime que mais aflige o cidadão comum, para que a sociedade tenha certeza de que contará sempre com a absoluta dedicação da PM, fiel ao seu compromisso mais do que centenário de servir e proteger, sem abusar do poder nem desviar das suas finalidades", disse.
Camargo é formado em direito na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), fez cursos na Cruz Vermelha Internacional, no Instituto do Coração e no Resgate do Corpo de Bombeiros.
Casado, tem três filhos (o mais velho é tenente do Corpo de Bombeiros) e está há 30 anos na PM.

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