São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 1997
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Guararapes tem alta com reestruturação

LUIZ CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de o resultado do primeiro semestre ter ficado aquém das expectativas do mercado, Confecções Guararapes, controladora das Lojas Riachuelo, é uma empresa que recebe boa avaliação dos analistas, principalmente por causa da reestruturação dos últimos anos.
Enquanto o banco carioca Bozano, Simonsen recomenda a seus clientes que mantenham o papel em carteira, o paulistano Fator prefere recomendar a compra.
Nos dois casos, no entanto, os analistas não escondem o desapontamento com o resultado apresentado no primeiro semestre. Não que o lucro tenha caído, na verdade o deste ano até agora foi melhor que o de 96, mas a expectativa do mercado era de um crescimento mais consistente.
Nos primeiros seis meses, a Guararapes apresentou lucro líquido de US$ 10,2 milhões. No mesmo período do ano passado, o resultado acumulado apurado pela empresa foi de US$ 9,3 milhões.
Apenas no segundo trimestre de 97, por exemplo, o Bozano projetava resultado positivo de US$ 8,9 milhões, mas a empresa lucrou US$ 7,2 milhões -uma diferença de aproximadamente 20%.
Margem
Na avaliação de Sílvio Camargo, consultor de investimentos do banco Fator, uma das justificativas para o resultado ter ficado aquém do esperado está no fato de as Lojas Riachuelo terem optado por reduzir suas margens de lucro para enfrentar a queda da demanda.
"A estratégia deu certo na medida em que se conseguiu evitar uma redução do volume de vendas físicas, mas não foi suficiente para evitar uma redução do faturamento", diz Camargo.
Segundo a própria Guararapes, os preços praticados pelas lojas do grupo caíram em média 10% no segundo trimestre em relação ao ano passado. Em contrapartida, foram vendidas 35% a mais de peças. No semestre, as vendas totalizaram US$ 146 milhões -33% acima das vendas do primeiro trimestre.
Em relatório sobre a empresa, o Bozano, Simonsen assinala o aumento das despesas com vendas -que pularam de US$ 15,4 milhões, no segundo trimestre de 96 para US$ 22 milhões, no mesmo período de 97- como principal razão para o resultado do primeiro semestre.
A estimativa do banco carioca para o ano todo é de lucro líquido de US$ 37,9 milhões, o que, se confirmado, representará um recuo de 1,3% sobre os US$ 38,4 milhões apurados no ano passado.
A explicação do Bozano para esse lucro menor explica a boa avaliação que a empresa tem do banco. De acordo com o Bozano, o lucro de 97 deve ser menor por conta da queda das taxas juros e por causa da redução do caixa da empresa, decorrente dos investimentos que estão sendo realizados pelo grupo.
No primeiro trimestre, a Guararapes investiu US$ 5,6 milhões e espera investir ao longo de todo o ano US$ 28 milhões.
Esses investimentos servirão para ampliar o número de lojas Riachuelo. No quarto trimestre, a expectativa é abrir mais três estabelecimentos.
Para o ano que vem, devem ser investidos US$ 36 milhões em oito novas lojas e dois centros de distribuição.
A importância do ajuste das lojas do grupo no resultado global se explica justamente pelo peso que as Lojas Riachuelo têm para as Confecções Guararapes.
Riachuelo
Nos primeiros seis meses deste ano, por exemplo, as lojas representaram 83% das vendas consolidadas das Confecções Guararapes.
Sílvio Camargo, do Fator, considera que a reestruturação das lojas já está consolidada e que agora é a hora do grupo reorganizar sua estrutura industrial têxtil.
No caso das lojas, ele destaca os investimentos em informática realizados pelo grupo, o que fez com que a Riachuelo ganhasse terreno frente aos concorrentes, especialmente os concorrentes da economia informal, os quais, por não pagarem impostos, têm custos menores.
Outro ponto importante, diz Camargo, é o fato de a empresa ter se voltado mais para o mercado, nos últimos três anos.
Para ele, o resultado da empresa neste ano só não será melhor por causa do baixo ritmo de crescimento da economia imposto pelo governo federal, preocupado em evitar uma deterioração ainda maior das contas externas do país.

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