São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Produto "antigo" reage só no 1º ano do Real

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O Plano Real, no seu primeiro ano de existência, em 1995, conseguiu aumentar, mesmo que timidamente, a venda de alguns produtos considerados tradicionais.
Mas, no ano seguinte, também eles passaram a ser menos procurados pelos consumidores.
Nesse grupo de produtos estão inseticidas líquidos, purê e polpa de tomate, sal de cozinha, fermento, patês, doces em massa, entre outros, informa a Nielsen.
Em 1996, a queda nas vendas dessas categorias, segundo levantamento da Nielsen, variou de 3,5% a 12,5% na comparação com 1995.
Para cada produto, os fabricantes têm uma explicação. "A campanha antifumo, muito forte nos Estados Unidos, contribui para a queda no consumo de cigarros", diz Nestor Jost, presidente da Abifumo, que reúne a indústria.
Ele diz que o consumo de cigarros no país está praticamente estabilizado, há três anos, em torno de 119 bilhões de unidades anuais. "O Real praticamente não teve efeito no consumo de cigarros."
Para os fósforos, a justificativa é a tradição do produto e o aparecimento do isqueiro, um substituto. "Os fogões elétricos também contribuem para diminuir a venda de fósforos", diz José Antônio Gonçalves, diretor da Swedish Match do Brasil, que comercializa as marcas Fiat Lux, Pinheiro e Olho.
Tendência mundial
Ele conta que a queda na venda de fósforo, na verdade, é uma tendência mundial. "Cai em média de 3% a 4% ao ano na maioria dos países. Mas é bem possível que na China e na Índia ainda continue crescendo."
Pelo levantamento da Nielsen, o consumo de fósforos no país é da ordem de 2,5 bilhões de caixas anuais. A Swedish Match pretende enfrentar a queda no consumo de fósforos -o seu carro-chefe- com a diversificação dos produtos.
Ela é dona, por exemplo, dos isqueiros Cricket. Faz também lâminas de barbear, charutos, cigarrilhas e cachimbos.
A indústria de bebidas atribui a estabilização no consumo de algumas bebidas -como vodca e aguardente- ao fato de elas serem supérfluas e também à substituição delas por outras.
"No início do Real, a cerveja ganhou muito espaço", diz Fabrizio Fasano, presidente da Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas).
Para ele, no entanto, o consumo de bebidas está estabilizado por causa do endividamento do consumidor. "Além disso, nos últimos três anos, todos os serviços foram reajustados, o que diminui as sobras do orçamento."
Fasano diz que o mercado de bebidas está estável e movimenta US$ 1,6 bilhão por ano, excluindo cervejas e vinhos. "E não há nada que justifique um crescimento daqui para a frente."
(FF)

Texto Anterior: Guararapes tem alta com reestruturação
Próximo Texto: 'Maduros' mantêm ritmo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.