São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 1997
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MAIS POUPANÇA PRIVADA

Os brasileiros viveram décadas sob a ilusão de que do Estado viriam todas as soluções para os problemas econômicos e sociais. Mais recentemente, passada a etapa da inflação crônica e desencantadas as proposições estatizantes, cresceu o debate sobre a previdência social.
O sistema de previdência complementar avança a passos rápidos no país. Dentre as entidades fechadas de previdência (ou seja, cujos benefícios são restritos aos funcionários das empresas patrocinadoras), dois terços (211 entidades) são privados.
É um começo, ainda que em termos de valor a quase totalidade dos recursos esteja ainda concentrada em instituições patrocinadas por estatais (como o Banco do Brasil, a Petrobrás e a Caixa Econômica Federal).
Mas as entidades abertas, os fundos mútuos e as seguradoras aos poucos ganham terreno e desenham, graças à inflação baixa, um sistema de poupança voltado para o longo prazo, que se espera venha a ser ancorado na iniciativa privada.
O governo aos poucos também atua para ampliar e dar maior segurança a essas instituições. No ano passado foram adotadas medidas visando maior rigor na concessão de empréstimos de entidades de previdência privada, sobretudo para fins habitacionais, assim como redução dos tetos para investimentos imobiliários.
O universo dessas instituições ainda é limitado (cerca de 6 milhões de pessoas). Mas o crescimento dos ativos tem sido impressionante, passando de US$ 8,6 bilhões em 86 para quase US$ 69 bilhões em 96.
O crescimento da economia pode ser financiado por três fontes básicas: a poupança pública, a externa e a poupança doméstica privada.
Até hoje o modelo brasileiro privilegiou o gasto financiado com recursos públicos e a captação de recursos externos, com resultados muitas vezes discutíveis. Um novo modelo será possível apenas se houver condições, de uma vez por todas, de dar maior espaço para a poupança privada de longo prazo. A previdência complementar é um dos melhores caminhos para chegar lá.

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