São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 1997
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Fim-de-semana não espera a sexta-feira

RICK BRAGG
DO "TRAVEL/THE NEW YORK TIMES"

A vida noturna de Nova Orleans, nos EUA, já está em funcionamento em pleno vapor às terças-feiras

O fim-de-semana pode começar no anoitecer de terça-feira na avenida St. Charles, no hotel The Columns, onde a grande marquise frontal zune com os bate-papos.
Gelo tilinta nos copos suados de bourbon enquanto o velho bonde passa batendo sob os carvalhos vivos, levando trabalhadores de volta para casa e turistas para nenhum lugar em particular.
Ou talvez o fim-de-semana comece mais tarde na terça, por volta das 22h30, no Vaughan's Lounge, esquina da Dauphine com Lesseps.
Kermit Ruffins & the Barbecue Swingers estão tocando músicas para bandas de metais, e a casa está distribuindo feijão grátis -às vezes branco, às vezes vermelho- nos intervalos da banda.
Mas, preferencialmente, o fim-de-semana começa uma hora mais tarde, a algumas milhas do Quarteirão Francês, nas Mid City Lanes, uma combinação de sala de música e pista de boliche.
Os nativos se referem ao local simplesmente como Rock'n'Bowl (rock e boliche).
Na terça-feira, a noite é dominada pelo "zydeco" (pronuncia-se záidecou), e, se você não consegue dançar, deixe a pista livre.
Nessas noites, as bandas Nathan and the Zydeco Cha-Chas, Boozoo Chavis ou -se Deus estiver sorrindo para você- Rosie Ledet se alternam no palco da casa.
Os dedos de Ledet voam sobre as teclas do acordeão como pássaros que se procuram sobre uma cerca.
As pessoas dançam, bebem e vão para casa com a sensação de que fizeram algo importante.
"Eu não posso garantir que o fim-de-semana comece aqui", diz John Blancher, proprietário do Rock'n'Bowl. "Mas a verdade não está muito distante disso."
Uma coisa é certa. O fim-de-semana não espera a sexta-feira em Nova Orleans.
Algumas pessoas chegam a dizer que o fim-de-semana nem sequer existe na cidade ou que não há semana entre os perpétuos finais de semana. Isso é vida, um longo beijo nos lábios do excesso.
Primeiramente, você deve escolher que tipo de Nova Orleans está disposto a ver. A cidade tem dois lados, como se fosse as metades branca e preta das máscaras do Mardi Gras (o Carnaval local), vendidas no Quarteirão Francês.
Uma é a Nova Orleans dos guias turísticos, aquela que convida os visitantes a um cruzeiro nos elegantes barcos a vapor, a provar o café do Café du Monde e talvez até a jogar nos cassinos flutuantes.
Essa mesma Nova Orleans dá boas-vindas aos visitantes nos vários bares de música ao vivo na Bourbon Street e tem a certeza de que ninguém deixa a cidade sem um chaveiro feito com garras de crocodilo da casa de vodu de Marie Laveau, uma dúzia de pralinas da doçaria Aunt Sally's e um livro de receitas de Justin Wilson adquirido no shopping center Riverwalk.
E tudo isso é divertido. Mas há uma Nova Orleans inteirinha que a maioria dos turistas jamais imaginou visitar, a menos que eles sejam introduzidos a essas áreas pelos moradores locais. Você pode conhecê-la em um final de semana ou, pelo menos, num fim-de-semana de Nova Orleans.

Tradução de Edson Franco

LEIA MAIS sobre Nova Orleans nas págs. 7-18 e 7-19

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