São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 1997
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Polícia Militar do PR prende 15 líderes sem-terra em cinco dias

FLÁVIO ARANTES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A Polícia Militar do Paraná prendeu, em apenas cinco dias, 15 líderes sem terra no Estado, segundo a Secretaria de Segurança Pública.
A assessoria do secretário Cândido Martins de Oliveira (Segurança Pública) disse que a ordem é prender todos os líderes sem terra de acampamentos em que sejam encontradas armas de fogo.
As últimas seis prisões ocorreram ontem, após a Polícia Militar desocupar a fazenda Conceição Cruzeiro, no município de Palmas (sudoeste do Paraná), onde 28 famílias estavam acampadas.
Não houve conflito. Segundo a secretaria, foram encontrados no acampamento cinco espingardas e três revólveres.
Outros cinco sem-terra foram presos no último sábado, após a retirada de 22 famílias acampadas na fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Alvorada do Sul.
Na sexta-feira, outros quatro sem-terra já haviam sido presos. Eles torturaram dois fazendeiros e cinco funcionários da fazenda Cordilheira, em Jundiaí do Sul.
Roberto Baggio, da liderança do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Paraná, afirmou que há pelo menos outros cinco sem-terra presos no Estado. A Secretaria de Segurança Pública confirma a prisão de 15.
Para Baggio, as prisões têm cunho político. "As prisões não têm amparo legal. Existe no Paraná uma 'caça' aos sem-terra. A reforma agrária no Estado é um pedaço de cela para cada sem-terra".
Segundo Baggio, 200 líderes sem terra no Paraná reunidos ontem na sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Curitiba decidiram resistir às desocupações.
Nos casos em que não seja possível evitar a desocupação, o MST promete levar para Curitiba as famílias e montar um acampamento em frente à sede do governo.

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