São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 1997
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Partido pode ter batalha interna pelo governo de SP

LUÍS COSTA PINTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O PSDB de São Paulo tem filiados a ele o presidente da República, o governador e o vice do Estado, quatro ministros (Casa Civil, Comunicações, Planejamento e Educação), um de seus três senadores e 16 de seus 70 deputados federais, mas é um partido frágil.
A procura por um candidato dentro da legenda que substitua Mário Covas nos palanques da campanha pelo governo do Estado no próximo ano será uma guerra de guerrilhas.
Caso não termine rápido, fazendo os tucanos se fixarem de imediato em um nome que defenda a administração de Covas contra os ataques do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), já em campanha, a disputa vai expor aos adversários as facções que buscam poder e prestígio no PSDB local. Estilhaços das batalhas podem atingir o presidente Fernando Henrique Cardoso, candidato à reeleição.
"Qualquer um que ocupe a vaga de candidato a governador pelo PSDB precisará defender a obra de recuperação do Estado que o Covas vem realizando. Cobrado, será sincero quanto às dificuldades", diz o deputado José Aníbal (PSDB-SP).
Quatro tucanos disputam a vaga de Covas após sua renúncia à possibilidade de se candidatar à reeleição. Três deles, o vice-governador Geraldo Alckmin, o senador José Serra e o ministro Paulo Renato Souza (Educação), não impedem o surgimento de trincheiras de apoio a seus nomes no partido.
O quarto, o ministro Sérgio Motta (Comunicações), dá sinais explícitos de que aceita a missão. Vive dizendo que não é candidato. Isso quer dizer que gostaria de ser. O único que já venceu uma eleição majoritária foi Serra (6,5 milhões de votos para senador em 96).
Um quinto tentou levantar vôo a jato rumo aos palanques da campanha para governador: o ministro do Planejamento, Antonio Kandir. Foi abatido na pista de decolagem pela artilharia antiaérea de Covas, que o transformou no principal responsável por sua recusa a disputar a reeleição. Kandir terá problemas para impor ao partido até mesmo sua candidatura à reeleição como deputado federal.
Paulo Renato x Motta
A disputa interna no PSDB pode virar uma carnificina partidária se os ministros Motta e Paulo Renato falarem abertamente o que dizem um do outro, em Brasília, nas conversas privadas.
O ministro da Educação criticou duramente as últimas entrevistas de Motta nas quais analisava o caráter de congressistas e de alguns colegas de ministério. Motta revidou desqualificando-o numa conversa com um senador do PSDB.
A relação de Serra, ex-ministro do Planejamento, com cada um deles tem gradações diferentes. Serra não fala com Kandir desde que ele começou a reformar a estrutura do ministério, pondo no escanteio seus antigos assessores de gabinete. No tiroteio entre Motta e Paulo Renato, já fez opção. Fica ao lado do ministro das Comunicações. A relação com Geraldo Alckmin é de fidelidade mútua.
Alckmin, por sua vez, é o único que transita muito bem entre todos, do governador aos secretários estaduais, passando pela bancada federal. Mas é o mais fraco do ponto de vista eleitoral. Pode ser deslocado para correr atrás de um mandato de senador, abrindo espaço para uma composição na qual o PFL daria o candidato a vice.
"Se um começar a falar o que pensa do outro, tucano vai comer tucano ao molho pardo", comemora o deputado Delfim Netto (PPB-SP).

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