São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 1997 |
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Índios convocam seleção para atuar como forma de protesto
EDUARDO OHATA
Mais que uma vitória, o objetivo principal dos índios é reivindicar seus direitos e protestar contra as injustiças de que são vítimas. No momento, eles se concentram no caso do índio Galdino. Galdino morreu em abril, após um grupo de jovens atear fogo em seu corpo, em Brasília. Eles são acusados de lesão corporal seguida de morte, crime cuja pena varia entre 4 e 12 anos. "Essa punição não é suficiente", diz Essy-A, 20, da tribo dos funil-ô. "Antes do jogo, esperamos colher 5.000 assinaturas para um abaixo-assinado." Outro objetivo da equipe é impressionar com a atuação o presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo Farah. Eles querem participar, como convidados, da Copa São Paulo de juniores. "Por isso estamos pegando os campeões do ano passado.", diz Jair Evangelista, 36, técnico da seleção indígena, invicta em 12 apresentações oficiais. A maior goleada aconteceu contra o time de bombeiros de Brasília, o D. Pedro 2º: 7 a 0. Hoje, os jogadores estão bem entrosados, mas os primeiros meses da equipe, que reúne representantes de 13 etnias diferentes, foram marcados por conflitos culturais. "Havia um atacante e um zagueiro de tribos rivais. Tínhamos que apartar os dois nos treinos", lembra Evangelista. Em outra oportunidade, às vésperas de uma partida, os índios participavam de uma cerimônia à noite, no quarto, e Evangelista bateu à porta avisando que deviam dormir. "Quase me bateram, pois tratava-se de uma cerimônia religiosa", lembra o técnico. "Hoje, a convivência entre todos é ótima." Texto Anterior: São Paulo vetou projeto Próximo Texto: Brasil esportivo Índice |
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