São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 1997
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Músico comprou 53 mil sapos a dois reais cada

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Compositor comprou 53 mil sapos por R$ 2 cada
Quem visitar esta semana o Museu de Zoologia da USP verá uma cena inusitada: Paulo Vanzolini, um dos mitos da MPB, diante de 53 mil sapos mortos.
"Paguei dois reais por cada sapo. É uma coleção excelente, mas muito mal conservada", explica Vanzolini, compositor e diretor do museu desde 1963.
"Ela pertencia a um ex-funcionário meu. Ele deixou como herança para a família. Todo cara que morre e deixa uma coleção dessas, o museu tenta comprar", diz. O museu tem a maior coleção de répteis da América do Sul.
"Nós não temos, por exemplo, especialistas em borboletas. Mas nossa tarefa é voltada ao ensino, pesquisa e curadoria. Sempre buscamos aumentar as coleções", completa.
Vanzolini surpreende. É ele quem etiqueta os sapos. Trabalha de segunda a segunda no museu e vai embora muito depois do fim do expediente.
Filho de engenheiro, este paulistano de 73 anos estudou na Faculdade de Medicina, nos anos 40, em São Paulo, onde compôs seus primeiros sambas entre rodas de estudantes.
O primeiro disco, "11 Sambas e Uma Capoeira", tem músicas interpretadas por Luis Paraná, seu grande amigo, já morto, e Chico Buarque de Holanda.
O autor de "Praça Clóvis", "Samba Erudito" e "Na Boca da Noite" é completamente avesso à fama e badalações, mantém a auto-ironia, não gosta de dar entrevistas e nunca tem tempo para fotos.
Prefere estar cercado por bichos em formol. Vanzolini vive na esquina do mundo artístico. É um autêntico bamba.
(MRP)

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