São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 1997 |
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FHC manda dizer que não aceita pressão dos Estados
ELIANE CANTANHÊDE; ISABEL VERSIANI
O presidente Fernando Henrique Cardoso mandou avisar aos governadores que não age sob pressão e espera "os ânimos serenarem", como disse um político aliado. FHC não quer reunião geral de governadores, não quer mudar a Lei Kandir (que acaba com o ICMS sobre exportações) e não vai tomar outras iniciativas até 3 de outubro. Nesse dia, acaba o prazo para os candidatos de 1998 que queiram trocar de partido. É quando vai ficar claro quem é quem no quadro partidário e eleitoral. Até lá, por exemplo, o ex-governador Ciro Gomes (Ceará) vai definir se fica ou não no PSDB. Apesar disso, os governadores tucanos começam a desembarcar em Brasília. Alguns tentando evitar uma radicalização entre FHC e o governador de São Paulo, Mário Covas. Outros com reivindicações ao governo federal. Ontem, Eduardo Azeredo (Minas), Tasso Jereissati (Ceará), Marcello Alencar (Rio) e Albano Franco (Sergipe) estiveram em Brasília. Azeredo esteve no Ministério dos Transportes, numa reunião com o ministro Eliseu Padilha, o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luiz Carlos Mendonça de Barros, e representantes da Vale Mineradora. O governador quer uma linha de financiamento do BNDES para o ramal ferroviário Unaí-Pirapora, que vai escoar a soja do Centro-Oeste para o porto de Tubarão. Conforme a Folha apurou, o ministro e Mendonça de Barros disseram mais de uma vez, durante a reunião, que FHC "determinou que a questão fosse resolvida". Depois da reunião, o governador disse que suas críticas ao governo são referentes apenas à Lei Kandir e retornou a Belo Horizonte. Ao contrário do que se especulava, não se encontrou com FHC. O líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), que acompanhava Azeredo, disse à Folha que os governadores não aceitam as perdas de receita com a Lei Kandir, "mas não vão botar a faca no peito do presidente". Segundo Aécio, depois de 3 de outubro o presidente e os líderes tucanos vão intensificar um trabalho de "recuperação de relações" dentro do partido. Tasso Jereissati teve reunião no Ministério da Fazenda e depois declarou à imprensa que todos os Estados estão perdendo receitas com a desoneração do ICMS das exportações e o FEF (Fundo de Estabilização Fiscal). Ele negou, entretanto, que este problema tenha sido um dos motivos que levaram Covas a desistir de concorrer à reeleição no Estado. "Esta é uma questão administrativa, que deve ser discutida pelos governadores, mas não é nada que tenha consequências políticas", disse, depois do encontro com o secretário-executivo da Fazenda, Pedro Parente. O governador reconheceu que o PSDB vive um momento de "crise de identidade" e considerou "reversível" a decisão de Covas. Disse, ainda, que está torcendo para que Ciro Gomes não saia do partido. Marcello Alencar estava em missão política. Ele conversou com Covas na quarta-feira, em São Paulo, e com FHC. A assessoria do governador admitiu que ele está tentando "estender uma bandeira branca" entre Covas e FHC. Texto Anterior: Da ficção para o chão Próximo Texto: PSDB fica sem candidato em SP até começo de 98 Índice |
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