São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 1997
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Arraes descarta ingresso de Ciro no PSB

CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local
IZABELA MOI

CARLOS EDUARDO ALVES; IZABELA MOI
DA REPORTAGEM LOCAL

"O ex-ministro declarou que não é socialista e não vai aderir ao partido socialista", disse o governador

O governador de Pernambuco, Miguel Arraes (PSB), descartou ontem a possibilidade de o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB) entrar no PSB.
"O ex-ministro declarou que não é socialista e não vai aderir ao partido socialista", afirmou Arraes em São Paulo. O governador esteve na capital paulista para a cerimônia de filiação da ex-prefeita paulistana Luiza Erundina ao PSB.
Arraes, que nos bastidores acena com a candidatura Ciro para negociar com o PT, defendeu genericamente a "unidade das forças populares", mas mandou um recado ao PT ao falar sobre o palanque que sonha para as esquerdas nas eleições de 98.
"Estamos procurando uma saída para ampliar o campo de influência da esquerda e das forças populares", afirmou. Trata-se de uma crítica velada à eventual candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, que no entender de Arraes não tem potencial para crescer fora dos limites tradicionais da esquerda.
A festa de Erundina serviu também para mostrar que o PSB está dividido ao analisar os caminhos possíveis para o partido em 98.
O governador do Amapá, João Alberto Capiberibe, afirmou que Ciro pode entrar no PSB como cidadão, mas não como candidato à Presidência da República. "O partido tem vínculos muito fortes com o PDT e o PT e não é uma legenda de aluguel", declarou.
Capiberibe acrescentou que ainda acredita numa composição entre os partidos de esquerda, abrindo espaço também para a participação de setores de centro, mas foi incisivo ao falar de Ciro. "O Ciro quer é uma legenda para se candidatar e deveria é se filiar para ajudar a construir o partido."
Na mesma linha, o senador paraense Ademir Andrade praticamente vetou a candidatura Ciro pelo PSB. "Tenho certeza que caminharemos juntos com PT e PDT. A base aceita a filiação, mas não a candidatura do Ciro", disse.
Andrade é candidato ao governo do Pará e costura uma aliança com o PT na sucessão estadual.
A prefeita de Maceió, Kátia Born, concordou com o ponto de vista de Andrade. Na outra ponta, Célio de Castro (prefeito de Belo Horizonte) defendeu o lançamento de duas candidaturas de oposição.
"Estou convicto que Ciro Gomes vai se filiar ao PSB consciente que pode não ser candidato à Presidência pelo partido", afirmou Castro. O prefeito acrescentou que considera viável a existência de dois candidatos de oposição, desde que ambos façam um acordo prévio de apoio a quem chegar ao segundo turno contra FHC.
O deputado federal Fernando Lyra (PE), um dos que articulam em nome de Arraes a eventual candidatura de Ciro, declarou que aposta na entrada de Ciro no partido e, mais, na candidatura presidencial do ex-ministro.
"O Ciro é de centro e o Lula é esquerda. A sociedade quer um candidato de centro-esquerda", afirmou Lyra.
Andrade não quer que a posição de Lyra passe como oficial do PSB. "O Lyra nem é da Executiva do partido", disse.
Em Brasília, o senador Roberto Freire (PPS-PE) disse que acha estranha a declaração do governador Miguel Arraes. "Conheço em Pernambuco inúmeros líderes do PSB que não são socialistas", disse.

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