São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 1997
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Italianos defendem criminalizar 'caixa 2'

Procuradores vêem globalização como aliada

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os procuradores italianos Piercamillo Davigo e Paolo Ielo defenderam ontem, em palestra no Senado, a realização de acordos com criminosos para solucionar casos de corrupção.
"A corrupção é difícil de ser combatida porque, em geral, envolve somente a pessoa que paga a propina e a que recebe. Se nenhuma delas confessar, dificilmente se soluciona o caso. Portanto, não se pode culpar o primeiro deles que decide falar", afirmou Davigo.
Em visita oficial ao Brasil, Davigo, 47, e Ielo, 36, participam da chamada Operação Mãos Limpas -conjunto de medidas judiciais iniciadas em 1992, na Itália, para apurar esquemas de corrupção montados por políticos, administradores públicos e empresários.
Mais de 6.000 pessoas foram investigadas pela Operação Mãos Limpas, sendo 2.000 condenadas.
Resultado
A partir das ações da Operação Mãos Limpas, foram recuperados cerca de US$ 50 bilhões que haviam sido desviados dos cofres públicos, inclusive em bancos de outros países. O preço das obras públicas caiu em 50%.
Os procuradores relataram casos de corrupção solucionados na Itália, como superfaturamento em obras do metrô de Milão (norte do país) e a destinação orçamentária para obras inúteis em concorrências dirigidas.
"Caixa dois"
"Nos casos em que fizemos parceria com outros países, o resultado foi excelente. Mas, aconteceu o contrário quando a cooperação não foi possível", afirmou Ielo.
Davigo disse que a criminalização de "caixa dois" também serviu para ajudar a combater casos de corrupção na Itália. Por consequência, essas investigações na contabilidade secreta de empresas levaram até os pagadores de propina.
Para o procurador, a globalização também provoca um efeito contrário à corrupção. "Para produzir riquezas, é preciso ser eficiente, principalmente nesses tempos de globalização. E para ser eficiente, é preciso ser honesto", afirmou Davigo.

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