São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Advogado da UDR orienta para atirar "da cintura para baixo"

DA AGÊNCIA FOLHA

O advogado da UDR Rubens Filgueiras orientou o fazendeiro Herclito Macedo, que teve a propriedade invadida e saqueada por sem-terra no Pontal (extremo oeste de São Paulo), a atirar em líderes do MST "da cintura para baixo", em caso de nova invasão.
"Em caso de ataque, atirar para cima, em veículos e tratores. Jamais atirar em crianças e em mulheres e procurar discernir os líderes porque, conseguindo cortar as cabeças, você destrói parte daquele clamor, daquela vontade de destruir tudo", afirmou o advogado.
A fazenda Santa Teresa, em Euclides da Cunha, foi invadida duas vezes esta semana. Na terça-feira, um grupo de 90 sem-terra destruiu um quilômetro de cerca, incendiou três alqueires de milho e abateu sete cabeças de gado.
Ontem, 20 seguranças armados foram para a área com as orientações passadas pelo advogado. Eles estão em uma casa a cem metros do acampamento dos sem-terra.
Os sem-terra diziam ontem que, quando a carne acabar, vão invadir a fazenda Santa Maria, vizinha, para abater mais gado. Esta tem três seguranças dentro de um carro, a 50 metros do acampamento.
O advogado da UDR ensina os fazendeiros que devem "atirar sempre da cintura para baixo, nunca da cintura para cima". A tendência, segundo ele, é sempre "espantar".
Fã de filmes de guerras medievais, o advogado estuda as estratégias utilizadas pelo MST nas invasões e tem se especializado em defesas armadas. É dele a idéia de trincheiras, cavadas nas fazendas mais invadidas da região.
Filgueiras protocolou ontem no fórum de Teodoro Sampaio (710 km de São Paulo) um pedido de prisão preventiva dos dirigentes do MST José Rainha Júnior, Walter Gomes e Ivan Bueno, por serem os líderes do movimento dos sem-terra.

Texto Anterior: Julgamento de Rainha é adiado
Próximo Texto: MST invade sede do Incra em João Pessoa; Serraria do PA quer madeira de sem-terra
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.