São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 1997
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Coronel promete atacar crime de esquina

OTÁVIO CABRAL

OTÁVIO CABRAL; CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Novo comandante-geral diz que população sente mais o roubo com vidro no farol do que assaltos a banco

O novo comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Carlos Alberto de Camargo, 47, afirmou ontem que seu principal objetivo no cargo é combater o "crime de esquina", tipo de delito que mais aflige a população.
Para isso, Camargo disse que pretende colocar a partir de hoje o maior contingente possível de policiais nas ruas, realizando um policiamento ostensivo em todas as regiões da cidade.
Camargo chegou ontem de manhã da Itália, onde passava férias, e assumiu informalmente o comando da PM após se reunir com o secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva.
Camargo substitui o coronel Claudionor Lisboa, exonerado na semana passada. A transmissão oficial do cargo só deve ocorrer na próxima semana.
"A experiência concreta que a população tem com a violência é um assaltante com um caco de vidro no farol, e não um ladrão assaltando um banco com um fuzil AR-15", declarou Camargo, justificando a priorização do combate aos pequenos delitos.
Parte do planejamento da operação foi definida ontem pelo novo comandante do CPM (Comando do Policiamento Metropolitano), coronel Valdir Suzano.
A operação, cujo nome não está definido, acontecerá das 15h às 20h, nos cruzamentos e escolas das áreas abrangidas pelos 26 batalhões da Grande São Paulo.
Até as 19h de ontem, não haviam sido informados a quantidade de policiais e o tempo de duração da operação, que deve contar com a presença de oficiais nas ruas.
A medida, admite Camargo, é inspirada na Operação Centro, também chamada de "tolerância zero", desenvolvida a partir de fevereiro deste ano no centro de São Paulo, com o objetivo de diminuir a criminalidade na região.
Para isso, todo o contingente da tropa de choque, na época comandada por Camargo, foi colocado no policiamento de rua.
"O que queremos é um projeto mais amplo que o feito no centro, mas com o mesmo critério de abordagem de suspeitos, o discricionarismo técnico baseado na legalidade", declarou.
Camargo afirmou que outra prioridade é realizar operações policiais "intensas" para combater tipos específicos de crimes que estão crescendo em São Paulo.
Entre esses crimes, ele cita o roubo de cargas e o roubo e furto de veículos. Algumas dessas operações poderiam ocorrer simultaneamente, segundo Camargo, dependendo dos índices de violência.
Outra prioridade do novo comandante-geral é implantar o "policiamento comunitário". Cada dupla de policiais, nesse caso, seria responsável pelo policiamento de uma certa e pequena área, integrada à comunidade. "O policial precisa ter uma relação de confiança e respeito com a população da área onde trabalha", afirmou.

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