São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 1997
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Novos chefes vieram do policiamento de choque

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Os principais cargos do Alto Comando da PM serão ocupados por ex-membros da Tropa de Choque e por amigos do novo comandante-geral da PM, coronel Carlos Alberto de Camargo.
Eles se formaram em 1970 na Academia Militar do Barro Branco. Esse é o caso do novo subcomandante-geral da PM, coronel José Carlos Bononi. Ele trabalhou no 3º Batalhão de Choque na época em que Camargo chefiava o 2º Batalhão de Choque.
Outro oficial da turma de 1970 e que também trabalhou na Tropa de Choque é o coronel Valdyr Suzano, o novo chefe do CPM (Comando de Policiamento Metropolitano).
Suzano é considerado um disciplinador pelos seus colegas e um dos mais rígidos oficiais da PM. Durante sua carreira, serviu com o coronel Mello Araújo, ex-comandante da Tropa de Choque, e chefiou o 3º Batalhão de Choque.
No começo do ano, foi responsável pela prisão de 11 policiais que eram acusados de praticar orgias em quartéis da PM. Também deteve guardas-civis metropolitanos que, segundo ele, estavam usurpando a função da PM de policiar as ruas de São Paulo.
Para a Tropa de Choque, há dois nomes cotados. O favorito é o do coronel Oldecir Fernandes de Oliveira e Silva, que já trabalhou no 3º Batalhão de Choque. O tenente-coronel Gérson dos Santos Rezende também é lembrado. Ele, que deve ser promovido a coronel, é um dos 120 PMs acusados de participar do massacre de 111 presos na Casa de Detenção em 1992.
O Comando de Policiamento do Interior será ocupado pelo coronel Eduardo Bernardo de Almeida, que trabalhava em Santos (SP). Novamente, mais um nome da turma de academia de Camargo. Esse ainda é o caso do novo chefe do Corpo de Bombeiros, coronel Renato Luiz Fernandes.
Composição
Ao mesmo tempo em que dá preferência aos seus colegas de academia e aos ex-membros da Tropa de Choque, o novo comandante-geral tentou fazer uma composição com coronéis de outras turmas.
Isso explica a manutenção do coronel Ernesto Tasso na Corregedoria da PM, do coronel Renaldo da Silva na Diretoria de Finanças da PM, do coronel Nilton Divino D'Addio na diretoria de Pessoal e a de Isaías de Melo Mascarenhas Neto na Diretoria de Ensino.
Tasso é da turma de 69 e Renaldo Silva, D'Addio e Mascarenhas formaram-se em 1968. Os membros das turmas de 1968 e de 1969 foram opositores ao ex-comandante-geral Claudionor Lisboa. Com a nomeação para o Comando Geral de um coronel com menos tempo de PM que os membros dessas duas turmas, a tendência seria que eles passassem para a reserva.
Isso porque entre os oficiais da mesma patente, os mais velhos mandam nos mais novos e não aceitariam receber ordens de quem sempre lhes foi subordinado. Mas a maioria resolveu ficar na PM porque espera uma composição com o novo comandante.
(MG)

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