São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 1997
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PM acusado de chacina é morto no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

O ex-soldado da PM Luciano Francino dos Santos, 32, réu no processo da chacina de Vigário Geral, foi morto ontem, por volta das 13h30, com quatro tiros no rosto, em Realengo (zona oeste do Rio).
Luciano Francino dos Santos estava ao volante de seu Vectra branco e rebocava um jet ski. Na rua Curitiba, em frente ao número 34, foi abordado por um homem a pé.
Segundo testemunhas, os dois conversaram durante alguns minutos. O outro homem puxou uma pistola e atirou em Santos.
O assassino foi descrito como branco, baixo, gordo, de bigode e cabelo liso, preto e curto. Estava vestindo bermuda escura e camisa branca. Ele fugiu correndo.
Até o final da tarde de ontem, a polícia não tinha conseguido pistas sobre o paradeiro do homem que atirou em Santos.
Policiais do 14º BPM (Batalhão de Polícia Militar), em Bangu (zona oeste), fizeram buscas na região para tentar localizar o assassino.
O ex-soldado estava foragido da Justiça. Ele era acusado de participação na chacina de Vigário Geral e foi indiciado no primeiro processo do caso. Chegou a ser solto sob liberdade condicional.
Santos tinha julgamento marcado para o dia 15 de outubro, junto com outros 15 réus.
Em abril, durante o julgamento de um dos réus, Santos, que apenas assistia à sessão, fez gestos ameaçadores, como se segurasse um revólver, para um dos encarregados da segurança do 2º Tribunal do Júri.
O juiz do tribunal, José Geraldo Antônio, considerou a atitude de Santos desrespeitosa e suspendeu sua liberdade condicional. Santos não se apresentou e permaneceu foragido desde então.
A chacina de Vigário Geral aconteceu em agosto de 1993, quando um grupo de encapuzados entrou na favela, na zona norte do Rio, e matou 21 moradores. Com a morte de Santos, restam 50 indiciados, quase todos policiais militares.
Até agora, só um dos acusados, o ex-PM Paulo Roberto Alvarenga, foi julgado. Ele foi condenado a 449 anos de prisão.
Afro-reggae
O ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Anthony Lloyd, visitou ontem um centro de cultura afro-reggae que funciona na favela de Vigário Geral.
O grupo afro-reggae é uma das organizações não-governamentais abertas na favela após a chacina.

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