São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 1997 |
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Policiais vão ter aula de ikebana e tai-chi
ANDRÉ LOZANO
"Nosso objetivo é tirar a casca, a couraça de arbítrio que alguns aspirantes a policial já vestem antes mesmo de entrar na academia e transformá-los em bons policiais, mais sensíveis e que sirvam ao cidadão", disse o diretor da Academia de Polícia, delegado Tabajara Novazzi Pinto. O novo currículo, elaborado por Novazzi Pinto a partir de sua posse, em maio deste ano, começará a ser implementado, pela primeira vez, no início da próxima semana, com a nova turma de delegados. Além dos cursos mencionados, será alterada a instrução de tiro ao alvo. Até o início deste ano, fazia mais pontos quem acertava o tórax ou a cabeça do alvo. "Agora privilegiaremos os braços e pernas. Perde pontos quem acerta o tórax ou cabeça. O objetivo primeiro do policial, que não está na guerra, não é matar, mas conter o criminoso", afirmou o diretor. No antigo alvo, um tiro no tórax contava sete pontos. Na cabeça, cinco. No atual, não há pontuação para essas regiões. A pontuação mais alta é para o tiro que acertar no joelho -cinco. No antigo, não havia as pernas; só tronco. O curso prático de tiro será incrementado. Os alunos da academia passarão a dar 80 tiros durante o curso -antes, davam 12. As aulas de tai-chi serão dadas, ao ar livre, duas vezes por semana, com uma hora e meia de duração cada. A ikebana será ensinada em dois cursos intensivos. "Esses dois cursos mexem com a sensibilidade do policial e ajudam a retirar a couraça arbitrária que alguns possuem", afirmou Pinto. O curso de boas maneiras será útil, segundo o diretor da academia, "porque o delegado, uma autoridade policial, tem de atender bem o cidadão e se comportar bem em uma mesa, quando, por exemplo, participar de um almoço oficial". As noções de boas maneiras e de oratória serão dadas em duas aulas. As outras novidades são os cursos obrigatórios de direitos humanos e de gerenciamento de crises (como se comportar em casos com reféns, motins de presos etc.). "A academia sempre produziu uma ideologia ligada aos ideais da burguesia, resultado do movimento de 64. Sempre divulgou a ideologia da violência aos oprimidos. Era preciso mudar esse ideal, implantando o respeito a uma sociedade justa e solidária. Quero dar à academia um caráter progressista. Hoje o bom policial tem de aliar a competência de investigação ao bom cidadão." Texto Anterior: Coisa peculiar; Dessa vez não matei; Grande acertador Próximo Texto: Segurança não terá mais verba Índice |
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